Asma brônquica continua a ser um importante problema de saúde pública
Mas tem toda a pertinência porque a asma brônquica continua a ser um importante problema de saúde pública, não só pela sua elevada prevalência como pela previsibilidade do seu aumento, sobretudo nos grupos etários mais jovens, à semelhança do que acontece em muitos países. E, porque afetando a qualidade de vida e o bem estar dos doentes e suas famílias, tem um peso excessivo neles e nestas, bem como no Sistema de Saúde e na Sociedade.
Pode definir-se a asma como uma “doença” das vias aéreas, caracterizada por uma inflamação crónica que determina a sua obstrução, e se manifesta por pieira (“chiadeira” no peito ), dificuldade em respirar, sensação de opressão ou peso torácico e tosse, sintomas que podem variar no tempo e em intensidade .
Esta doença é apelidada de heterogénea por se poder apresentar de várias maneiras :
A mais facilmente reconhecida é a asma alérgica que, muitas vezes, se inicia nos primeiros anos de vida, e se relaciona com a inalação, ou ingestão, de substâncias que induzem a inflamação acima mencionada. A rinite alérgica coexiste, nestes doentes, com muita frequência, e podem sofrer, ou ter sofrido, de outras enfermidades do foro alérgico como, por exemplo, eczema atópico ou alergias alimentares. Nas suas famílias encontra-se, frequentemente, história de diversas alergias.
Mas, existem, também, asmas que não-alérgicas, ou que podem ser desencadeadas pelo exercício; as que , por vezes, têm o seu início numa fase mais tardia da vida; as que estão associadas à obesidade, ou à ocupação; ou as asmas cuja obstrução se comporta de modo semelhante à obstrução dos fumadores, ou seja, sem reversibilidade , etc...
No asmático que fuma pode haver uma associação das queixas de asma e doença pulmonar obstrutiva crónica (bronquite crónica e enfisema pulmonar).
Acresce que diversos fatores ambientais, como o fumo de tabaco, a poluição atmosférica, as infeções respiratórias, entre outros, podem contribuir para o desenvolvimento da asma ou para o seu agravamento .
O Inquérito Nacional para a Prevalência da Asma, que abrangeu o território de Portugal continental, indicou-nos existirem um pouco mais de um milhão de portugueses com asma, cerca de 70% dos quais com queixas no último ano . E destes quase metade (43%) não tinham a sua asma controlada.
A asma está controlada quando, por ação dos tratamentos, os doentes podem ter uma qualidade de vida como se não tivesse doença, o que é possível obter numa percentagem muito elevada de casos.
Os tratamentos englobam diversos fármacos, que atuam na inflamação e na obstrução, as vacinas anti-alérgicas nos casos em que estão indicadas, intervenções que visam reduzir a exposição aos diversos irritantes e alergénios, a par do controlo de situações que ocorra em simultâneo como, por exemplo, a rinite alérgica.
O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível e, na maioria dos casos, tem que se prolongar por vários anos. De acordo com a evolução clínica de cada caso poderá variar na sua intensidade.
Convém, igualmente , recordar um velho aforismo: “nem tudo o que pia é asma “, para chamar a atenção para o facto de existirem muitas outras situações do foro respiratório que se manifestam por pieira, dificuldade em respirar e tosse .
Daqui a necessidade de procurar ajuda médica para a individualização da doença em causa e a adequação do respectivo tratamento.
Professor Doutor António Bugalho de Almeida
Pneumologista na Corclínica
Professor Catedrático Jubilado Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa