Estudo

Maioria dos enfermeiros muda de farda a cada dois turnos

A maioria dos enfermeiros inquiridos num estudo muda de farda a cada dois turnos, 86% lava-a na lavandaria da instituição e 62% utilizam a farda em outros locais para além da unidade de cuidados.

O estudo, realizado entre 06 de março e 27 de maio de 2017 e visou compreender a gestão da farda clínica usada por enfermeiros em serviços de medicina interna de um hospital da região centro, envolveu 50 enfermeiros e avaliações microbiológicas de 300 amostras referentes às mãos, farda clínica e material clínico de bolso destes profissionais.

Quando questionados relativamente aos locais onde habitualmente usam a farda clínica, todos os enfermeiros identificaram a unidade onde prestam cuidados, seguido de 62% em outras unidades de cuidados, o bar com 58%, os serviços de apoio com 50% e as áreas administrativas com 46%, adianta o estudo apresentado hoje no V Congresso dos Enfermeiros, que decorre até domingo em Lisboa.

Relativamente à frequência com que mudam de fardas, 56% dos enfermeiros disseram que o fazem a cada dois turnos, 28% a cada três turnos e 6% a cada turno.

Quase a totalidade dos inquiridos apontou “sujidade” como o principal motivo para trocar de farda, seguido do risco de contaminação cruzada para o utente/profissional, uma vez que se trata de um equipamento de proteção individual.

No que se refere ao local de higienização das fardas, a maioria apontou o hospital (86%), enquanto 14% disseram que a lavam em casa, alegando a falta de fardas para utilização no turno seguinte como fator determinante para esta prática e adiantando que a lavam separadamente da restante roupa e a altas temperaturas.

Na avaliação microbiológica, verificou-se a presença de bactérias em 80% das fardas, refere o estudo, adiantando que os ‘staphylococcus coagulase positivos’ foram as estirpes bacterianas com maior representatividade (44% na zona abdominal e 54% no bolso da farda).

Questionados sobre o conhecimento de normas específicas relativas à gestão da farda, 70% disseram não ter acesso a qualquer tipo de orientação (50% desconhece e 20% refere não existir), dados que revelam “uma lacuna na gestão do conhecimento existente nos contextos institucionais e unidades visadas, uma vez que poderá colocar em risco os profissionais de saúde e os utentes”.

Perante estes resultados, o estudo afirma que “emerge a necessidade de elaboração de normas” para que os profissionais “atuem de forma informada e exista uma sensibilização, consciencialização e responsabilização dos profissionais e figuras de gestão”.

“A potencial contaminação microbiológica da farda clínica dos enfermeiros afigura-se como um desafio ainda atual, constituindo um reservatório em constante mobilidade intrainstitucional e em contacto com diversos utentes, profissionais de saúde e superfícies hospitalares”, adverte.

Salienta ainda que estes profissionais ocupam “uma posição privilegiada na melhoria dos cuidados”, recaindo sobre eles “uma responsabilidade acrescida na adoção de boas-práticas e prevenção e controlo de infeções associadas aos cuidados de saúde”.

O estudo ressalva que os dados referentes à gestão da farda baseiam-se na perceção dos profissionais, e podem não corresponder às práticas habituais em contexto clínico, aconselhando a realização de novos estudos que incorporem uma componente observacional.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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