Naturopata usou saliva de cão raivoso para tratar criança hiperativa
Anke Zimmerman, naturopata canadiana, assumiu, no seu blogue pessoal, ter tratado problemas de comportamento de um menino de quatro anos com saliva de cão raivoso. A substância é legal no Canadá, onde pode ser adquirida por apenas sete euros e tem, até, um nome comercial, Lyssinum. O anúncio surpreendeu a comunidade médica internacional, que reagiu de forma negativa, escreve o Sapo.
Muitos órgãos de comunicação social fizeram eco das críticas de especialistas de várias partes do mundo, que afirmaram que este tratamento não só não traria qualquer alteração comportamental à criança como até poderia tê-la colocado em risco. Segundo Anke Zimmerman, a criança teria sido já anteriormente mordida por um cão raivoso, o que justificaria a sua conduta.
Dificuldades em dormir, um mau comportamento na escola, grunhidos recorrentes e uma aversão à água seriam, no entender da naturopata, sintomas que confirmavam que o menino tinha contraído a doença. No entanto, face à polémica, a especialista acabaria por apagar a publicação, alegando, para além de uma cobertura mediática que apelidou de "salaz", "o respeito pela família da criança".
Em entrevista à edição canadiana do jornal Huffington Post, Phillipa Stanaway, vice-presidente do Colégio de Médicos Naturopatas da Colúmbia Britânica, confirmou a licenciatura em naturopatia de Anke Zimmerman e também o facto do Lyssinum, facilmente acessível através de uma pesquisa em qualquer motor de busca online, ser, efetivamente, um tratamento legalmente permitido.
O cientista francês Louis Pasteur foi o primeiro a desenvolver uma vacina antirrábica em 1885. Na altura, além de extrair o vírus do tecido nervoso de coelhos mortos, que usou como cobaia para criar o tratamento de vacinação, administrou ao mamífero saliva de uma criança que tinha sido mordida por um cão raivoso, mas na altura o animal acabaria por morrer, refere o jornal El Español.