Lançado manual para melhorar saúde dos bombeiros
“O grande objetivo deste manual é precisamente motivar os bombeiros a promover um estilo de vida mais saudável. Isto porque houve um diagnóstico à saúde dos bombeiros portugueses e os resultados evidenciaram a necessidade de promover a sua saúde”, disse o responsável pela Divisão de Segurança, Saúde e Estatuto Social da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Rui Ângelo.
O “Manual de Promoção de Estilos de Vida Saudáveis nos Bombeiros”, feito em conjunto com a Direção-Geral da Saúde (DGS), constitui um instrumento e uma ferramenta para os corpos de bombeiros voluntários, ficando a sua implementação a cargo de cada corporação.
Um diagnóstico à saúde de cerca de 7.500 bombeiros voluntários, feito pela ANPC em parceria com a Liga dos Bombeiros Portugueses em 2013 e 2014, concluiu que 60% estavam acima do peso considerado normal, 37% em situação de pré-obesidade e 23% em situação de obesidade.
A avaliação indicou também que, dos participantes com pré-obesidade, 48% tinha valores de colesterol elevados e, nos grupos etários com idades iguais ou superiores a 43 anos, 39% apresentava pressão arterial sistólica superior ao normal.
“Isto foi um alerta para a necessidade de se fazer algo em termos da promoção da saúde dos bombeiros”, sublinhou Rui Ângelo, afirmando que os “bombeiros voluntários são um espelho da população portuguesa”.
No entanto, destacou ser preocupante a existência destes problemas porque os bombeiros estão “mais expostos a situações de grande exigência física”, como combater um incêndio durante horas ou dias, podendo ser “um fator de complicação para a própria saúde”.
No manual, a ANPC indica aquilo que pode ser feito na atividade diário dos corpos de bombeiros e qual a alimentação e hidratação mais adequada antes, durante e após uma operação de combate a um incêndio.
Como exemplo, referiu que os bombeiros antes de ir para uma operação, seja incêndio florestal ou urbano, devem já estar hidratados, o que diminuiu a probabilidade de vir a ter problemas de desidratação.
Rui Ângelo referiu que o manual tem, “desde medidas específicas que podem ser feitas, até ao incentivo à criação de um programa estruturado com várias atividades ao longo do ano”.´
“Podem ser coisas pontuais ou um programa com a duração de um ano”, disse, frisando que o desenvolvimento do que está descrito no manual “depende da sensibilidade, interesse e motivação de cada corpo de bombeiros”.
Segundo o mesmo responsável, este programa foi feito à medida de cada corpo de bombeiros, uma vez que o manual tem vários vetores de intervenção consoante as necessidades de cada corporação, que podem ser distintas, seja de atividade física, nutrição ou tabagismo.
“O princípio de base é o corpo de bombeiros poder fazer um diagnóstico do que é mais relevante para a sua realidade e depois ter um programa específico para essa corporação”, referiu, dando conta que um corpo de bombeiros do interior é diferente de um de uma área urbana.
A ANPC já difundiu o manual em formato digital pelos corpos de bombeiros através dos comandantes distritais, sendo depois também distribuídas versões em papel.
A Proteção Civil conta também realizar algumas iniciativas com os corpos de bombeiros, além da divisão de saúde da ANPC e a DGS prestarem todo o apoio para realização do programa em cada corporação.
Em Portugal, existem 468 corporações de bombeiros, que têm no ativo, segundo dados da ANPC de dezembro de 2016, 22.796 bombeiros voluntários e 6.226 profissionais.