Oito em cada dez crianças com cancro podem ser curadas se diagnóstico for precoce
Salomé Freitas, 20 anos, sobreviveu a uma leucemia, diagnosticada quando tinha 12 anos. Quando lhe disseram que tinha leucemia, Salomé temeu o pior: "Senti que a minha vida ia acabar ali, não tive grande esperança", contou. Depois do diagnóstico, seguiram-se dois anos de tratamento de quimioterapia e, associada ao tratamento, “vierem inúmeros efeitos secundários e doenças secundárias.
Houve um dia em que os médicos lhe disseram que estava curada: "Foi um processo gradual, fui-me sentindo melhor ao longo do tempo e a minha vida foi voltando à normalidade". "Quando me apercebi que estava tudo bem foi uma vitória", comentou Salomé, que se tornou há dois anos voluntária da Acreditar para ajudar crianças com cancro.
Em Portugal, surgem anualmente cerca de 350 novos casos de cancro infantil, um número que se tem mantido estável na última década. "Se o cancro for detetado a tempo, em cada dez crianças, oito podem ficar curadas e praticamente sem sequelas", realçou Margarida Cruz, diretora-geral da Associação Acreditar . "São números animadores e um sinal enorme de esperança para os pais, que ficam tão devastados quando veem um filho com cancro", frisou.
O cancro mais frequente nas crianças é a leucemia, que tem um prognóstico de cura "muito bom" quando é detetada a tempo. "Mais de 90 por cento das crianças ficam curadas e praticamente sem sequelas", frisou Margarida Cruz. Em Portugal, "o diagnóstico é feito, normalmente, com muita rapidez", mas é preciso sensibilizar os pais, a população e as autoridades para que estejam atentas.
"Procuramos chamar a atenção dos pais, sem alarme, para quando há determinados sinais, como dores de cabeça e nódoas negras recorrentes numa criança, recorrerem ao pediatra para que a doença seja detetada o mais rápido possível e a criança possa ser tratada", disse a responsável.
Quais são os sintomas de alarme do cancro pediátrico?
Os sintomas e sinais da doença variam em função do tipo de tumor. É importante que os pais estejam atentos às queixas das crianças (que são a pista mais importante para descobrir a doença), aos sinais a ela associados, ao período temporal desde a manifestação dos sintomas e à forma como eles afetam a vida normal da criança.
Muitos sinais e sintomas do cancro assemelham-se aos de doenças comuns na infância, motivo pelo qual se torna fundamental que os pais estejam vigilantes em relação às mudanças que surgem no corpo e no comportamento das crianças.
Dores ósseas ou musculares, tosse contínua, febre, palidez, dor de cabeça, vómitos, infeções constantes, emagrecimento sem causa, inchaços na face e no pescoço, aparecimento de nódulos no corpo, dificuldades de locomoção e desenvolvimento de massa palpável no abdómen são alguns sintomas que podem fazer suspeitar de doença oncológica.
Existem determinados sinais e sintomas que estão associados especificamente a alguns tipos de cancro, nomeadamente, febre recorrente acompanhada por dores nos ossos, facilidade em ter infeções, palidez e hemorragias podem fazer suspeitar de leucemia.
Manchas brancas nos olhos, estrabismo súbito, cegueira, abaulamento do globo ocular, febre inexplicável prolongada, perda súbita de peso, palidez, fadiga, sangramento fácil, ossos doridos, dores inexplicáveis nas articulações e costas, fraturas fáceis, mudança ou deterioração da caminhada, equilíbrio ou no discurso ou inchaço na região da cabeça são outros sintomas que devem levar os pais a procurar ajuda médica.
“Muitas vezes, os pais não procuram ajuda por desconhecimento dos sintomas ou receio, por isso é tão importante partilhar os sinais de alerta e as taxas de sucesso no caso de diagnóstico precoce”, sublinhou Margarida Cruz.