Novas opções terapêuticas no cancro do pulmão
O cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC), é responsável por cerca de 85% de todos os casos diagnosticados, apresentando-se muitas vezes em estadios avançados e com prognóstico reservado. Apenas 18% dos doentes com diagnóstico de cancro do pulmão estarão vivos aos cinco anos após o diagnóstico.
Nos últimos quinze anos, aconteceram importantes avanços na compreensão da biologia tumoral, dos mecanismos de progressão e da resistência tumoral, assim como ao nível do rastreio, permitindo uma deteção precoce desta doença. Houve, simultaneamente, o desenvolvimento de uma abordagem multidisciplinar, com benefícios significativos para o doente, bem estabelecida na maioria dos hospitais, nomeadamente no Hospital dos Lusíadas Lisboa, que conta com uma equipa que aborda esta doença numa perspetiva multidisciplinar, tendo em consideração cada tipo de tumor.
No que concerne à biologia tumoral, assistiu-se à “descoberta” de várias mutações e vias de sinalização, que potenciaram o desenvolvimento de terapêuticas alvo. Na doença metastizada, observou-se a evolução de quimioterapia empírica (“chapa cinco”) para regimes mais eficazes e melhor tolerados de terapêutica, dirigida a alvos específicos (mutações EGFR e BRAF translocação ALK, fusão ROS1, MET (exão 14) e, finalmente, ao grande marco ao nível terapêutico, o surgimento da imunoterapia.
- Terapêutica anti-EGFR (mutações presentes em cerca de 15% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). Estas terapêuticas incluem o Gefitinib e o Erlotinib (primeira geração), o Afatinib e o Dacomitinib (segunda geração) e o Osimertinib.
- Terapêuticas dirigidas translocação ALK (alteração presente em 7% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). As terapêuticas com atividade para o CPNPC com expressão de fusão ALK incluem o Crizotinib, o Alectinib, o brigatinib e o ceritinib.
- ROS1 alteração presente em menos de 2% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). As terapêuticas com atividade dirigida ao CPNPC com expressão da fusão ROS1 são o Crizotinib, Ceritinib e o Lorlatinib.
- BRAF alteração presente em 2 a 4% dos doentes com adenocarcinoma do pulmão). A presença desta mutação (BRAF (V600E) prediz sensibilidade a inibidores BRAF, nomeadamente a monoterapia com Vemurafenib e dabrafenib ou combinação dabrafenib e tranetinib.
- Imunoterapia. Em 2015 foram aprovadas, pelas agências mundiais do medicamento (US FDA e EMA), as primeiras terapêuticas que ativam o sistema imunitário, para lutar contra o cancro. Estas terapêuticas, são chamadas de “imunoterapia”. O Nivolumab, o Pembroizumab, e Atezolizumab, e o Durvalumab são os chamados anti-PDL1 e anti-PD1 e foram desde logo disponobilizados aos doentes tratados no Hospital dos Lusíadas Lisboa.
O rápido desenvolvimento de novas terapêuticas contribuiu para uma melhoria do prognóstico dos doentes com cancro do pulmão.
Perante um doente com o diagnóstico de cancro do pulmão, é essencial o correto estadiamento da doença, a discussão do caso em reunião multidisciplinar, a realização de uma avaliação molecular adequada e a prescrição de uma terapêutica inovadora e personalizada, a partir do trabalho de uma equipa dinâmica. A junção destes fatores, tem potenciado o trabalho desenvolvido pela Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas Lisboa, que se encontra atualmente na vanguarda do tratamento do cancro do pulmão, entre outros tipos de tumores.