Organização Mundial da Saúde lança observatório das demências

“Quase 10 milhões de pessoas desenvolvem demências a cada ano que passa, seis milhões das quais em países com baixos e médios rendimentos”, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Os efeitos em termos de sofrimento são enormes. Isto é um alerta: temos de prestar mais atenção a este crescente desafio e assegurar que as pessoas que vivem com demências, vivam onde viverem, têm os cuidados de que precisam”, defendeu.
O custo anual estimado das demências em todo o mundo é de cerca de 700 mil milhões de euros, o que equivale a mais de 1% da riqueza produzida mundialmente.
O custo total inclui gastos com tratamentos médicos, apoio social e ajuda informal (perda de rendimento pelos cuidadores).
Em 2030, os gastos estimados deverão ter mais que duplicado, chegando aos 1,6 biliões de euros, um custo que pode minar o desenvolvimento social e económico e sobrecarregar os serviços sociais e de saúde, incluindo os sistemas de saúde.
Para reunir toda a informação e conseguir mais dados, a OMS lançou hoje uma plataforma online, o Observatório Mundial de Demências, com o objetivo de monitorizar o desenvolvimento e fornecimento de serviços para pessoas com demência e para os cuidadores, tanto entre países como globalmente.
O Observatório irá monitorizar a existência de políticas e planos nacionais, as medidas de redução de riscos e as infraestruturas que fornecessem cuidados e tratamento.
“Este é o primeiro sistema de monitorização mundial de demências com dados completos”, disse Tarun Dua, do departamento de Saúde Mental e Dependências da OMS, na apresentação.
“O sistema não só vai permitir perceber os progressos conseguidos, mas também identificar as áreas onde são precisos mais esforços”, explicou.
A OMS recolheu, até ao momento, dados sobre 21 países de todos os níveis de rendimento, mas no final do próximo ano já deverá estar a receber informação de 50 países.
Os dados iniciais indicam que uma grande parte dos países que forneceram informação já têm planos nacionais, como, por exemplo, facilitar a participação das pessoas com demência nas atividades da comunidade e acabar com a sua estigmatização.
Para já, o Observatório conclui que 81% dos países que já fornecem dados realizaram campanhas para dar a conhecer a demência e reduzir os riscos, e 71% têm planos de saúde para estas doenças e dão formação a cuidadores.
O Observatório vai permitir a existência de um banco de dados onde as autoridades de saúde e sociais, os profissionais médicos, os investigadores e as organizações da sociedade civil poderão encontrar perfis dos países relativamente às demências, relatórios internacionais, guias das políticas, diretivas quer da prevenção quer do tratamento de demências.