A hepatite C é a única infeção crónica que o Homem é capaz de curar
Entre vários factores, o desenvolvimento da Medicina Humana com o grande avanço da cirurgia e das transfusões, o “boom” do consumo de drogas com partilha de material, trouxe um terreno fértil para o vírus da hepatite C infectar cerca de 100.000 pessoas. De momento o número será inferior, talvez metade.
Mas como saber quem o tem, quem está infectado. Na grande maioria dos casos a infeção não traz sintomas consigo, é uma doença silenciosa. Por outro lado nem todos os infetados correram os riscos decorrentes daquelas situações que referimos. Os especialistas aconselham que se tente identificar tanto quanto possível, quem está infectado, sem o saber. Todos, sem excepção, que se incluem nos grupos de maior risco já referidos devem saber “já” se têm hepatite C ou não. Mas o ideal será mesmo que todos, sem alarme, sempre que façam uma avaliação analítica, pelo menos uma vez na vida, peçam ao médico um teste da hepatite C. É um teste simples através de uma pequena quantidade de sangue.
Durante
Se o teste for positivo (anti-VHC), nada de alarmes já que em cerca de 25% dos casos o vírus é mesmo negativo, tratou-se de uma hepatite que curou sozinha.
Se a carga vírica for positiva, nesse caso teremos que identificar se o fígado está já um pouco estragado, num estado chamado de “cirrose hepática”. Aí teremos que reforçar os conselhos para se ter um “fígado saudável” ou seja não ter peso a mais, fazer exercício físico (o mínimo dos mínimos é caminhar rápido, meia hora três vezes por semana), controlar a diabetes e o excesso de colesterol e abandonar a ideia de beber álcool. Há vários métodos para se identificar a presença de cirrose, ecografia, um sistema parecido à base de ultrassons (Fibroscan®), ou mesmo através de análises corriqueiras.
Vírus activo? Portugal é dos poucos países do mundo em que o governo decidiu proporcionar tratamento para todos os portugueses que dele necessitem, a custo zero. É uma dádiva preciosa, tem salvo muitas vidas. Os tratamentos consistem comprimidos tomados durante 8 a 12 semanas, praticamente sem efeitos secundárioa, com uma taxa de eliminação definitiva do vírus perto dos 100%. Definitiva quer dizer para toda a vida, para todo o sempre. Em Portugal é de 97%. A eliminação do vírus traz múltiplos benefícios, corta a cadeia infeciosa reduz o risco de cancro e de morte, entre muito outros.
E Depois?
Se ainda não se tiver cirrose poderá ir embora da consulta. Se existir cirrose deverá fazer uma ecografia de 6/6 meses dado o riso de cerca de 1% por ano de aparecer um cancro do fígado. Este tem que ser identificado precocemente, ainda com menos do tamanho de uma bola de ping-pong, para se conseguir curar.
Mas os risco de morrer de uma doença de fígado quase que desaparece.
A Medicina Moderna identificou o vírus em 1989, aquando da queda do Muro de Berlim, após saber em 1974 que existia um vírus chamado de “C”. Iniciou a batalha pela cura em 1986 e em 2014 os laboratórios da indústria farmacêutica identificaram medicamentos com taxas de cura perto dos 100%.
Esperemos que este “know-how” permite a identificação da cura de outras doenças víricas, que matam milhares de pessoas.
A hepatite C é a única infecção crónica, vírica e oncogénica que o Homem é capaz de curar. As doenças do fígado, médicos e doentes, vivem um “Momento Penicilina” que mudou o Mundo há alguns anos atrás. Obrigado!!