Doenças Profissionais
Quase todos os agentes químicos são nefastos para a saúde. É por isso essencial que os trabalhadores adoptem métodos de trabalho seguros durante a sua manipulação, em especial se existir a possibilidade de libertação de poeiras.
São várias as vias pelas quais o trabalhador pode ser contaminado pelas poeiras, ou seja, a entrada destas no organismo pode ocorrer por inalação - via respiratória -; por ingestão - via digestiva - ou em contacto com a pele - via cutânea. Contudo, a inalação é de longe a forma mais importante de interacção com o funcionamento do organismo humano, uma vez que a maioria das poeiras penetra no organismo humano através das vias respiratórias.
O ponto de partida para a redução dos riscos para a saúde nos locais de trabalho é efectuar o diagnóstico das condições reais de trabalho. Portanto, em primeiro lugar cabe à entidade patronal a realização da avaliação dos riscos e uma gestão adequada dos mesmos. Desta maneira, o trabalhador poderá adquirir práticas de trabalho seguras e a promover um ambiente de trabalho saudável e seguro.
Composição do ar
Num local de trabalho cuja atmosfera se apresente poluída, o perigo deve-se precisamente à presença de poeiras em suspensão no ar.
O ar puro é composto (composição volumétrica) por 78,08 por cento de azoto; 20,94 por cento de oxigénio; 0,93 por cento de árgon; 0,03 por cento de dióxido de carbono; 0,00005 por cento de hidrogénio e vestígios de gases raros (excepto árgon).
O vapor de água é também um constituinte do ar, sendo variável a sua proporção.
A atmosfera de alguns locais de trabalho contém outras substâncias susceptíveis de modificar, mais ou menos profundamente, as suas propriedades. A poluição pode também resultar de uma alteração quantitativa na composição do ar. Diz-se, portanto, que o ar está poluído ou contaminado quando contém substâncias estranhas à sua composição normal, ou mesmo quando normal no aspecto qualitativo mas possuindo alterações quantitativas, pela presença de uma ou várias substâncias em concentrações superiores às habituais.
Agentes químicos
No local de trabalho, os agentes químicos podem existir em suspensão na atmosfera:
a) No estado sólido, sob a forma de:
- Poeiras – suspensão no ar de partículas esferoidais de pequeno tamanho, formadas durante o manuseamento de certos materiais e por processos mecânicos de desintegração;
- Fibras – partículas aciculares provenientes de degradação mecânica, cujo comprimento excede em mais de três vezes o seu diâmetro;
- Fumos – suspensão no ar de partículas esféricas provenientes de uma combustão incompleta ou resultante da sublimação de vapores, geralmente depois da volatilização a elevadas temperaturas de metais fundidos (fumes).
b) No estado líquido, sob a forma de:
- Aerossóis – suspensão no ar de gotículas cujo tamanho não é visível à vista desarmada e provenientes da dispersão mecânica de líquidos;
- Neblinas – suspensão no ar de gotículas líquidas visíveis e produzidas por condensação de vapor.
c) No estado gasoso, sob a forma de:
- Gases – estado físico de certas substâncias a 25 ºC e 760 mm Hg;
- Vapores – fase gasosa de substâncias que nas condições – padrão (25 ºC e 760 mm Hg) se encontram no estado sólido ou líquido.
As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, a percentagem existente em relação ao ar atmosférico de um determinado poluente químico.
A partir dessas medições estabelecem-se os Valores Limites de Exposição (VLE), que não são mais do que as concentrações máximas, permitidas por lei, de diferentes substâncias existentes no ar dos locais de trabalho, acima dos quais a saúde dos trabalhadores pode ser afectada. Abaixo destes valores a exposição contínua do trabalhador não representa qualquer risco para o mesmo.
Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo com o seu grau de perigosidade para a saúde, sendo que na legislação ambiental portuguesa constam os valores limite de exposição de diferentes substâncias (NP – 1796).
Mediante os valores obtidos há que tomar medidas, devendo recorrer-se a equipamento de protecção individual sempre que possível, bem como a alterações no processo produtivo que permitam a redução das emissões de poluentes. Estas alterações podem ser ao nível do equipamento ou de matérias-primas, mas também medidas mais gerais, nomeadamente:
- Formação e informação dos trabalhadores;
- Organização da vigilância física e médica;
- Organização e manutenção de processos e registos adequados;
- Sinalização de segurança;
- Limitação da duração e da intensidade de exposição;
- Planificação da eliminação e armazenamento dos resíduos radioactivos, etc.
Principais doenças
O organismo tem vários mecanismos para eliminar as partículas aspiradas. Nas vias respiratórias, o muco cobre as partículas de modo que seja fácil expulsá-las através da tosse. Nos pulmões, existem células purificadoras especiais que "engolem” a maioria das partículas e as tornam inofensivas. No entanto, quando as substâncias químicas são absorvidas pelo organismo em doses elevadas e quando ultrapassam os VLE, provocam lesões nos trabalhadores.
As lesões ou doenças que mais vulgarmente se aplicam a este tipo de agentes e que apresentam problemas para a saúde do trabalhador são:
- Anemias;
- Queimaduras;
- Encefalopatias;
- Ulcerações cutâneas;
- Perturbações cutâneas, etc.
No âmbito dos riscos associados a agentes químicos existem quatro tipos de agentes, que pelo seu elevado grau de perigosidade para o ser humano, devem ser referenciados e são:
- Os cancerígenos;
- O cloreto de vinilo monómero;
- O amianto;
- O chumbo;
Estes agentes químicos específicos, embora se enquadrem no âmbito dos riscos associados a agentes químicos gerais, têm legislação (comunitária e nacional) específica que regulamenta os VLE, definição do tipo de agentes e medidas de prevenção a implementar.
As doenças provocadas por este tipo de agentes passam por:
- Asbestose;
- Cancro pulmonar;
- Mesoteliama;
- Lesões pleurais;
- Fibroses do fígado e do baço;
- Perturbações circulatórias das mãos e dos pés, etc.