Portugueses apresentam baixos níveis de vitamina D
A vitamina D, também conhecida como a vitamina do Sol, é um nutriente que se insere dentro do grupo das vitaminas lipossolúveis (ou seja, que é absorvida juntamente com os lípidos) de grande importância para o nosso organismo, na medida em que colabora em inúmeras funções.
Ao contrário de outras vitaminas, que podemos obter através da alimentação, a vitamina D é produzida na pele quando exposta à radiação ultravioleta.
Deste modo, a exposição solar é fundamental para garantir os níveis adequados de vitamina D no organismo. “Uma vez no sangue, esta vitamina é convertida numa hormona chamada calcitriol que tem recetores em todas as células no organismo. Uma das funções mais importantes do calcitriol é garantir a absorção de cálcio a nível intestinal”, começa por explica Inês Veiga, farmacêutica.
Estudos recentes mostram, no entanto, que a população portuguesa apresenta baixos níveis deste nutriente ainda que Portugal seja dos países que mais sol tem, durante todo o ano.
As mudanças no estilo que vida, que temos vindo a assistir nas últimas décadas, são a principal causa apontada. “Não apanhamos sol suficiente. A exposição solar no verão apenas é diária durante o período de férias e quase sempre com proteção solar, de acordo com as recomendações dos dermatologistas”, afirma frisando que o problema não é a utilização de protetores, mas a falta de exposição solar de uma forma regular.
“Devíamos expor-nos ao sol 15 minutos diariamente, 7 dias por semana, 12 meses por ano”, revela.
“Se há milhares de anos éramos seres da natureza, hoje estamos enfiados em apartamentos, escolas, centro comerciais e escritórios”, acrescenta.
Por outro lado, a “culpa”, diz-se, é também do envelhecimento da população. “A pele de pessoas com mais de 60 anos produz 25% da quantidade de vitamina D produzida por uma pessoa de 20 anos”, esclarece a especialista.
Ainda que assintomática, a deficiência em vitamina D é uma situação que progride silenciosamente, contribuindo para um aumento do risco de patologias como a diabetes, doenças cardiovasculares ou infecciosas e cancro, para além da osteoporose.
Apenas quando “os níveis plasmáticos de vitamina D são muito baixos, podem surgir dores e fraqueza muscular”.
Para contrariar a tendência, muitos são os que recomendam a suplementação como forma de prevenir uma potencial deficiência neste nutriente.
“Assim que termina a época de exposição solar, toda a população deveria considerar a suplementação com vitamina D”, afirma Inês Veiga. Sobretudo, os grupos mais vulneráveis: idosos, grávidas, crianças e “pessoas que trabalham todo o dia num espaço fechado”.
“Os suplementos são uma forma de compensar uma baixa ingestão de nutrientes ou uma necessidade metabólica aumentada”, explica a fermacêutica referindo que, neste caso, a suplementação em vitamina D é uma forma de compensar a baixa exposição solar.
O valor de referência deste nutriente são 200 UI, no entanto, de acordo com os dados recentemente divulgados, esta dose tem-se revelado insuficiente para preveniro desenvolvimento de deficiência na população portuguesa. “Numa perspectiva de prevenção, 1500 UI parece ser uma dose adequada para garantir a manutenção de níveis saudáveis e evitar o desenvolvimento de deficiência”, admite Inês Veiga acrescentando que, a título de exemplo, uma hora de exposição solar no verão “permite produzir 10000 UI de vitamina D”.
No entanto, tal como explica a farmacêutica, em situações em que é detetada um deficiência grave, pode ser necessário recorrer a doses mais elevadas “durante um mês” ou durante o tempo necessário para que os níveis plasmáticos de vitamina D normalizem.
Com um baixo risco de toxicidade, a suplementação surge assim como uma forma segura de garantir níveis saudáveis deste nutriente. No entanto, a especialista aconselha a que siga sempre as recomendações do seu médico ou farmacêutico.
Os suplementos de vitamina D estão disponíveis em cápsulas, gotas ou saquetas
Atualmente, existem no mercado várias opções de suplementos com vitamina D, daí que seja importante, para além da questão da dose, ter em consideração outros fatores:
- a forma da vitamina D: “A vitamina D3 (colecalciferol) tem maior atividade do que a vitamina D2 (ergosterol) de origem vegetal, geralmente procurada pelos vegetarianos e vegans”, explica Inês Viega;
- a origem da vitamina D3: De acordo com a farmacêutica, devemos procurar uma forma natural de vitamina D, “idealmente obtida a partir da lanolina (gordura da lã de ovelha), uma vez que é a melhor fonte orgânica de vitamina D”;
- dissolução: “Tendo em conta que a vitamina D é lipossolúvel, depende de gordura para ser absorvida, o ideal é optar por um suplemento que dissolva a vitamina D3 numa gordura saudável, como o azeite”, refere.
Por outro lado, há que ter em atenção a sua forma de apresentação, sendo que no mercado existem suplementos em forma de cápsulas, gotas ou saquetas. “É fundamental que o consumidor esteja informado sobre as vantagens e desvantagens associadas a cada tipo de apresentação para facilitar a decisão na hora da escolha”, afiança Inês Veiga.
“As saquetas ou gotas, por norma, contêm aditivos, açúcar, aromas e/ou edulcorantes na sua composição para garantir que o sabor não é desagradável. Estas substâncias devem ser evitadas sempre que possível, pelo que as cápsulas podem ser uma boa alternativa. Outra vantagem das cápsulas é o facto de garantirem que a pessoas ingere sempre a mesma dose, o que nem sempre se verifica com as gotas”, explica a especialista.
No dia em que se assinala o Dia Mundial da Vitamina D, Inês Veiga reforça a ideia que a deficiência em vitamina D pode ser prevenida. “Somos responsáveis pela nossa saúde. A prevenção com suplementos é fácil e segura, por isso podemos travar este problema agora mesmo. O dia 2 de novembro pode passar a ser, anualmente, o dia para iniciar a suplementação com vitamina D!”, conclui.