Greenpeace apresenta petição contra o glifosato

O encontro com o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia (CE), Frans Timmermans, e com o comissário europeu responsável pelas pastas da Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, decorreu dois dias antes de os 28 Estados-Membros votarem uma proposta de Bruxelas para renovar a licença de utilização deste herbicida por mais dez anos.
Após a reunião, o diretor para a Europa da Greenpeace, Jorgo Riss, acusou a CE de "privilegiar os interesses a curto prazo das empresas químicas”, em detrimento da saúde das pessoas e do meio ambiente.
Citado pela agência France-Presse, o responsável da organização não-governamental considera que Bruxelas “não agiu para responder às preocupações de cientistas independentes, de parlamentares e de mais de um milhão de europeus" sobre glifosato. “É uma vergonha!”, afirmou.
“A investigação científica e a experiência de milhares de agricultores biológicos mostram que os pesticidas e o glifosato não são necessários”, acrescentou o responsável da Greenpeace.
A petição apresentada ontem à CE exige “uma proibição do glifosato, uma redução geral da utilização dos pesticidas e mais transparência e independência nas avaliações dos riscos dos pesticidas”.
Após verificação, a petição assinada por mais de um milhão de pessoas deve ser discutida pela CE.
Na semana passada, a comissão de Ambiente e Saúde do Parlamento Europeu pediu ao executivo da União Europeia (UE) que retirasse a sua proposta e que pedisse a eliminação gradual do uso da substância nos próximos três anos.
O documento da UE será levado hoje a votação numa sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo, mas, segundo a Greenpeace ainda não é claro se a proposta vai receber apoio suficiente (por maioria qualificada), sendo que França, Itália, Áustria e Luxemburgo planeiam votar contra e outros países, como a Alemanha, deverão abster-se.
Esta petição, baseada num estudo da Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro, um órgão da Organização Mundial de Saúde, que o classificou como "carcinogénico provável para o ser humano" em 2015, ao contrário das agências europeias para a Segurança Alimentar e dos Produtos Químicos, volta a trazer a público a controvérsia científica em torno do debate sobre o glifosato,
O texto destaca também as centenas de queixas arquivadas nos Estados Unidos contra da multinacional Monsanto, cujo principal produto, o herbicida 'RoundUp', utiliza o glifosato como ingrediente ativo.