Mais de 90% entendem o que são cuidados paliativos
O estudo “Cuidados Paliativos: o que sabem os portugueses”, promovido pela Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP)e que envolveu 795 pessoas, com 18 ou mais anos, visou conhecer a realidade portuguesa face ao desenvolvimento dos cuidados paliativos nos últimos dez anos em Portugal.
As conclusões do estudo, apresentadas sábado, no seminário “Vida com dignidade e qualidade até fim”, na Fundação Gulbenkian, revelam que existe um “bom conhecimento acerca do conceito, objetivos e forma de trabalho dos cuidados paliativos”.
Contudo, ainda há 6,6% que pensa que estes cuidados visam atrasar ou adiar a morte, um número que preocupa a APCP, promotora do estudo divulgado no mês dos Cuidados Paliativos (outubro).
“É preocupante termos perto de um milhão de pessoas [traspondo os números para a população em geral] que acha que os cuidados paliativos são apenas para atrasar a morte, isto contraria um princípio filosófico”, disse o presidente da APCP, Manuel Capelas.
“É preciso todos nós fazermos mais para clarificar verdadeiramente o que são os cuidados paliativos”, porque “não basta as pessoas saberem só a definição”, defendeu.
Para o responsável, é necessário “levar uma mensagem mais adequada” às pessoas, tendo em conta a idade, as habilitações literárias e o nível socioeconómico, para que “entendam em que é que constam este tipo de cuidados” e saibam que têm direito a usufruí-los e a exigi-los junto dos profissionais de saúde.
Segundo o estudo, 90,4% dos inquiridos entendem o que são os cuidados paliativos.
As mulheres são as que apresentam o melhor nível de entendimento, assim como os mais novos, os solteiros e pessoas com habilitações literárias mais elevadas e maiores rendimentos, adianta o estudo.
Para Manuel capelas, estes dados indicam que há “uma grande franja da população que tem dificuldade em perceber e não entende o que são os cuidados paliativos”, o que exige um “maior dinamismo de disseminação destes conhecimentos junto da população”.
Os dados apontam também que 64,9% nunca tiveram qualquer contacto com equipas de cuidados paliativos, embora já tivessem ouvido falar delas, enquanto 6,7% desconheciam a sua existência
Cerca de 19% já tinham contactado com estas equipas por motivos familiares, 5,3% por motivos pessoais e 4,6% por motivos pessoais e familiares.
Mais de 80% disseram que gostariam de ser cuidados (84,6%) ou que o seu familiar (85,7%) fosse cuidado por uma equipa de cuidados paliativos.
Mais de metade dos inquiridos (51,9%) associou os cuidados paliativos às palavras médicos, 50,2% ao bem-estar, 49,2% à tranquilidade, 46,8% ao hospital e 43,8% ao sofrimento.
Houve ainda pessoas que associaram estes cuidados às palavras psicólogos (42,3%), morte (41,6%), fármacos (38,6%), cancro (36,9%), esperança (20,9%), vida (17,1%), vontade (15,1%), lares (13,6%), alegria (8,1%), centro de saúde (7,8%) e cura (4,5%).
Manuel Capelas observou que as pessoas não associam estes cuidados às palavras "casa" e "centros de saúde", o que "até faz uma certa antítese com o local em que as pessoas desejam morrer e ser cuidados, que é na própria casa".