Comportamentos na adolescência relacionados com perceção do estado de saúde em adulto

Segundo o investigador João Paulo Figueiredo, citado num comunicado da ESTeSC hoje enviado à agência Lusa, "o tipo de frequência e o abandono escolar, o ingresso no mercado de trabalho e as suas circunstâncias, a participação em atividades de lazer ou sociorrecreativas e determinados estilos de vida, tais como a alimentação, os hábitos de consumo de álcool e tabaco, entre outros", estão relacionados com a perceção do estado de saúde na idade adulta.
Apesar de revelar que a maioria da população do concelho de Coimbra perceciona ter um bom estado de saúde (47,1%), o estudo conclui que as pessoas que deixaram de estudar na adolescência "revelaram um agravamento da sua perceção de saúde subjetiva no momento presente, quer ao nível físico quer ao nível mental, comparativamente às pessoas que prosseguiram com os seus estudos".
"Foi também muito interessante constatar que as pessoas que tinham abandonado os estudos no período da adolescência, mas que voltaram a estudar já na vida adulta, revelaram melhor perceção de saúde no momento atual comparativamente às pessoas que indicaram que o regresso ao ensino ainda se dera no período da adolescência", explica João Paulo Figueiredo.
Segundo o comunicado da ESTeSC, os resultados mostram que alguns fatores de risco presentes na adolescência revelaram ter continuidade na vida adulta, o que "desperta a motivação da necessidade de ir mais além do que controlar a doença ou sintomas e promover estilos de vida saudáveis".
Para João Paulo Figueiredo, é necessário que vários parceiros sociais com responsabilidade nestas áreas se envolvam em "estratégias multidisciplinares - económicas, políticas e de desenvolvimento social - que possam atuar no combate aos vários determinantes sociais".
O investigador considera que deve ser efetuado um forte investimento na promoção da saúde junto das populações, através da educação e sensibilização nas escolas e da introdução de medidas dissuasoras de estilos de vida prejudiciais à saúde.
Isso é crucial "para que o indivíduo seja cada vez mais agente e promotor de saúde, contribuindo para reduzir os efeitos de fatores responsáveis pela morbilidade e mortalidade na vida adulta".
"A classe média baixa foi aquela onde as pessoas revelaram maior défice de saúde na maioria dos indicadores estudados", afirma o docente da ESTeSC.
De acordo com o estudo, os fatores externos com maior impacto negativo no perfil de saúde observaram-se em pessoas com idades mais avançadas, do sexo feminino, na condição de viuvez, religiosas, com baixas habilitações literárias, proprietárias da sua habitação, desempregadas, reformadas ou empregadas com vínculos precários.
A investigação acrescenta ainda que "a pior condição de saúde percebida foi predita por pessoas que consultaram o médico nos últimos três meses, com múltiplas consultas e com acesso a uma só entidade de saúde, que controlavam a tensão arterial e colesterol, e portadores de doença crónica".
O estudo envolveu 1.214 habitantes, adultos (igual ou superior a 35 anos), de ambos os sexos, residentes no concelho de Coimbra, distribuídos de forma proporcional em todas as freguesias, durante um período de dois anos (2011-2013).