Cabo Verde regista maior número casos de malária em quase 30 anos

Segundo dados disponibilizados à imprensa pelo diretor do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo (PNLP) de Cabo Verde, António Moreira, até hoje o país registou um total de 167 casos, entre autóctones e importados.
Os números são os mais altos desde 1991, segundo a evolução de que há registo e disponibilizada no site do Ministério da Saúde, em que o maior número até agora (autóctones e importados) tinha sido 140, registados em 2000, seguido de 125 casos em 1995.
Tal como em anos anteriores, a maioria dos casos surgiu na cidade da Praia, com um total de 153 locais e três importados, o maior número registado na capital cabo-verdiana, cujo máximo tinha sido 102 (95 locais e 7 importados) em todo o ano de 2001.
Segue-se a ilha de São Vicente, com seis casos, todos importados, e com registo de uma morte, de um cidadão de nacionalidade estrangeira que chegou doente à ilha.
António Moreira, que falava à imprensa após um reunião convocada e presidida pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, avançou que há registo de mais três casos na ilha do Sal e dois em Santo Antão, todos também importados.
O ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, avançou que o Governo, em parceria com todas as instituições com responsabilidade na matéria, vão intensificar as campanhas para tentar eliminar os viveiros e focos de mosquitos, que já estão identificados.
Salientando que as atividades terão maior incidência na Praia, o ministro indicou que serão realizadas ações no terreno, para eliminar águas estagnadas e todas as situações propiciadoras para o desenvolvimento dos mosquitos.
O governante pediu, por isso, envolvimento das várias estruturas do país e da sociedade civil para combater a doença, que tem 24 pessoas internadas no Hospital Agostinho Neto, na Praia.
O ministro recusou a ideia de qua as autoridades de saúde do país terão "baixado a guarda" para o surgimento de dezenas de casos nas últimas semanas, lembrando que o paludismo é urbano e que acompanha o desenvolvimento rápido da cidade da Praia.
Arlindo do Rosário salientou que Cabo Verde tem um "serviço de vigilância que funciona", que "diagnostica atempadamente as situações" e há um seguimento e acompanhamento dos casos, com internamento preventivo durante algum tempo para evitar aumento do parasita no sangue.
O também médico referiu que, apesar do aumento exponencial de casos desde meados de julho, a incidência da malária em Cabo Verde é de 0,25 por mil habitantes, e que um país é considerado de estar em fase de pré-eliminação pelo menos quando existe um caso por 1000 habitantes.
"Cabo Verde continua a ser um país em fase de pré-eliminação, mas em todos os países onde existe o vetor, em determinado momento pode haver surtos epidémicos, o que tem de ser diagnosticado e combatido", afirmou.
Em janeiro, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença.
A Organização Mundial da Saúde estima que o país tenha reduzido a sua taxa de incidência e de mortalidade associada à malária em mais de 40% no período decorrente e prevê também que tenha capacidade de eliminar a transmissão regional até 2020.
A malária, também conhecida por paludismo, é uma doença provocada por um parasita do género Plasmodium, que é transmitido aos seres humanos através da picada de uma fêmea do mosquito Anopheles.
Ainda sem vacina, é uma doença "instável", de transmissão sazonal, cujo maior período vai de julho a dezembro, toda a população é vulnerável, mas tem baixo risco de epidemia.
O ministro da Saúde confirmou que o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) cabo-verdiano, com apoio da OMS e do BAD, está a realizar um estudo sobre a capacidade de resistência dos mosquitos aos produtos utilizados, bem como ao mapeamento dos viveiros.