Governo vai criar quatro unidades de saúde mental para crianças institucionalizadas
Estas unidades fazem parte “das respostas que a Segurança Social tem vindo a procurar encontrar com o Ministério da Saúde ao nível da saúde mental” para apoiar os jovens que chegam ao sistema de acolhimento, disse Ana Sofia Antunes num encontro com jornalistas, na quinta-feira, no Ministério da Solidariedade e Segurança Social.
Segundo uma técnica do Instituto da Segurança Social (ISS), são tipologias que englobam equipas de apoio domiciliário e unidades de internamento e que estão integradas na rede de cuidados continuados integrados de saúde mental.
Segundo o Relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens CASA 2016, divulgado hoje, manteve-se em 2016 um “claro predomínio” de jovens em acolhimento com idades entre os 12 e os 20 anos (69,4%).
Cada vez mais o sistema se acolhimento se caracteriza por “uma forte afluência de adolescentes de jovens”, uma realidade que tem associada “uma problemática adicional”, os problemas de comportamento, disse Ana Sofia Antunes.
Muitos deste jovens chegam com “hábitos de vida muitas vezes algo desregrados e desviantes e que constituem um desafio novo e com o qual todas as casas de acolhimento têm de aprender a lidar”, frisou.
Dos 8.175 crianças e jovens que estavam acolhidas em 2016, 2.227 (27%) apresentavam “problemas de comportamento” e 20% tomavam medicação regular, no âmbito do seu acompanhamento psiquiátrico e/ou psicoterapêutico.
Foi para dar uma resposta “mais especializada” a estes problemas que foram já assinados dois acordos de cooperação com o Ministério da Saúde para a “criação de respostas de acolhimento em saúde mental” e serão assinados outros dois até ao final do ano.
“Passaremos a ter quatro unidades de acolhimento em saúde mental especificamente criadas, pensadas, vocacionadas para receber jovens com este tipo de problemáticas”, frisou a governante.
Por outro lado, salientou, as crianças e os jovens também necessitam de apoio ao nível da educação, assim como os interventores.
“Compete-nos apoiá-los, formá-los no sentido de saberem como fazer face a esta nova realidade que tem tendência para se manter e apoiá-los ao nível da revisão e da remodelação das estratégias de trabalho com estes jovens”, frisou.
Nessa medida e no âmbito do Plano CASA 2017 foi estabelecido um acordo com o Ministério da Educação para “melhorar o apoio prestado a nível educativo” a estas crianças.
No âmbito do protocolo, está a ser criado um modelo técnico para capacitar os professores, interventores e equipas educativas das casas de acolhimento para responderem
O acordo prevê ainda o reforço da adequação do perfil dos professores contratados para apoiar estas crianças, na sequência das necessidades identificada, havendo também a perspetiva do reforço educativo de alguns menores na casa de acolhimento.
“Se conseguirmos melhorar o acompanhamento escolar às crianças mais jovens isso irá condicionar positivamente todo o seu percurso escolar subsequente”, salientou.
Também para os jovens mais velhos que chegam ao sistema é preciso encontrar metodologias alternativas para os reconduzir à escola, o que é um “processo exigente e desafiante” que implica que se tenha novamente que o interessar pela escola.
A generalidade das crianças e jovens em acolhimento estão integrados na escola e a larga maioria frequenta a escola nos seus distintos ciclos de ensino básico e pré-escolar.