Palavras cruzadas ajudam a melhorar funções cerebrais a longo prazo
À medida que o ser humano envelhece, há um maior risco de se desenvolver deficiências em áreas relacionadas com a função cognitiva (memória, raciocínio, fala). Mas existem formas de tentar combater este ritmo de envelhecimento e um estudo publicado na segunda-feira prova isso mesmo.
Investigadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Exeter e do Kings College London, no Reino Unido, analisaram cerca de 17 mil pessoas saudáveis com 50 anos de idade ou mais, que foram submetidas a um teste online, escreve o Observador. Na pesquisa, apresentada na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2017, os autores do estudo perguntaram com que frequência os inquiridos realizavam palavras-cruzadas.
Os resultados permitiram perceber que os participantes que se realizavam regularmente palavras-cruzadas eram melhores em tarefas relacionadas com atenção, raciocínio e memória. O estudo, um dos maiores dentro do tipo, usou sistemas de testes cognitivos para avaliar aspetos da função cerebral.
“Encontrámos relações diretas entre a frequência do uso de quebra-cabeças e a velocidade e precisão do desempenho em nove tarefas cognitivas, onde avaliámos uma variedade de aspetos como atenção, raciocínio e memória”, explicou Keith Wesnes professor de Neurociência Cognitiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Exeter.
Através dos resultados, os investigadores conseguiram calcular que as pessoas com o hábito de fazer palavras-cruzadas têm funções cerebrais equivalentes a pessoas dez anos mais novas, em termos de raciocínio gramatical e memória a curto prazo.
PROTECT – um dos sistemas de avaliação cognitiva -, é também um estudo a 10 anos com participantes acompanhados anualmente, para permitir uma melhor compreensão das trajetórias cognitivas na sua faixa etária. Atualmente, mais de 22 mil pessoas saudáveis entre os 50 e os 96 anos, encontram-se registadas na pesquisa. A plataforma online permite que os investigadores conduzam e controlem estudos a larga escala sem necessidade de visitas a laboratório.
“Sabemos que manter uma mente ativa pode ajudar a reduzir o declínio da capacidades mentais”, disse Doug Brown, da Sociedade de Alzheimer. O próximo passo será um ensaio clínico para reforçar e determinar se a realização destes puzzles resultam num melhoramento da função cognitiva.