Indústria farmacêutica ao lado de Lisboa para receber EMA

"Porquê Lisboa?" São 60 páginas de argumentos para tentar convencer o governo a escolher a capital, em detrimento da do Porto, para sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), organismo que tem de ser relocalizado na sequência da saída do Reino Unido da União Europeia. O dossiê da candidatura, a que o Diário de Notícias teve acesso, está pronto e já foi entregue aos ministérios da Saúde e dos Negócios Estrangeiros e à Comissão de Candidatura Nacional (CNN), que hoje decide qual a cidade portuguesa que vai tentar acolher a sede da EMA.
E, para já, a capital conta com um apoio de peso. "Com Lisboa, Portugal tem uma possibilidade grande" de se tornar a sede da EMA, comentou ao Diário de Notícias Almeida Lopes, presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, Apifarma. Este responsável recusou alongar--se em comentários que justificassem a preferência por Lisboa, relembrando, porém, que a Apifarma elogiou, há uns meses, o voto de louvor do Parlamento à candidatura nacional, a de Lisboa.
A Alta de Lisboa, Parque das Nações, frente Ribeirinha de Lisboa, Lagoas Park (Porto Salvo), Taguspark (Oeiras) e as antigas sedes do Banco Nacional Ultramarino, do BANIF e do Instituto Nacional da Água (as três no centro de Lisboa) são os oito locais propostos com possibilidade para acolher a sede da EMA.
A localização, nomeadamente a distância para o aeroporto, é um dos principais argumentos que esta candidatura utiliza, considerando-o uma vantagem relativa à candidatura da cidade do Porto (ver quadro ao lado).
Os critérios exigidos às cidades candidatas vão desde a capacidade de acolhimento para os 890 funcionários da agência, escolas internacionais para mais de 600 crianças, ligações aéreas às principais capitais europeias, capacidade hoteleira para 30 mil dormidas anuais, um edifício pronto a funcionar em 2019, altura em que o brexit fica concluído. E Lisboa considera que em todos estes requisitos ganha vantagem sobre o Porto. E para isso recorre-se de um relatório de fevereiro, feito antes de Portugal anunciar a candidatura nacional que concluiu que a capital oferecia "maiores possibilidades de sucesso" e mais hipóteses de competir com candidaturas como a de Barcelona e Milão.
A localização e as infraestruturas de Lisboa iniciam o dossiê da candidatura, que desfila com um enorme rol de benefícios : "Lisboa é a porta de entrada para a Europa, de empresas e cidadãos da América do Norte, América Latina e África"; "Regista em média 2400 voos por semana e serve 53 companhias aéreas de todo o mundo"; "A partir de Lisboa é possível voar diretamente para 118 destinos"; "O aeroporto fica apenas a 7 km do centro da cidade".
A vantagem competitiva de Lisboa é também salientada na qualidade de vida e pela economia em crescimento - "ocupa a 5.ª posição no ranking das "Cidades e Regiões Europeias do Futuro 2016-2017, do Financial Times"; "foi eleita, em 2014, como a 2.ª melhor cidade do mundo para investir"; "é uma das capitais mais baratas da Europa para viver, ocupando a 137.ª posição no ranking das cidades mais caras do mundo".
Os argumentos abrangem todas as áreas, com destaque para o turismo - onde não foi esquecida a nomeação da CNN que considerou a cidade mais cool da Europa - para a capacidade hoteleira e para o facto de ter uma "população altamente instruída, multilingue e que abraça a mudança e a inovação".