Estudo analisa doenças tropicais negligenciadas em província angolana de risco
O Centro de Investigação em Saúde de Angola (CISA), em colaboração com instituições de ensino portuguesas, norte-americana e inglesa, realizou três estudos, cujos resultados preliminares são hoje apresentados em Caxito, capital do Bengo.
O estudo revela que Angola é um país prioritário para a eliminação da oncocercose e da filaríase linfática ou elefantíase, mas a co-distribuição do parasita filarial Loa Loa (loíase) - uma verminose transmitida por moscas diurnas, que afeta o olho, causando inflamação, dor e problemas de vista - é um entrave a este resultado.
Angola tem uma zona de alto risco identificada na província do Bengo, onde podem ser necessárias intervenções alternativas, no entanto, a presença e a sobreposição geográfica das três infeções causadas por filaríase não estão bem definidas.
Este estudo epidemiológico, que contou com a colaboração da Universidade da Florida do Sul, Estados Unidos da América, e da Escola de Liverpool de Medicina Tropical, Reino Unido, envolveu o mapeamento filarial integrado rápido, com base num questionário, teste rápido e biologia molecular, para se determinar padrões de prevalência e co-distribuição na região do Bengo.
Os resultados apontaram que o nível endémico é baixo, com diferentes distribuições de sobreposição, tendo participado do estudo 1.603 pessoas de 22 comunas.
A loíase foi encontrada em 15 comunas, com uma prevalência de 11,1% (178 pessoas do total estudado), o que contrasta com a literatura que define a área como uma zona de alto risco.
Já a prevalência da cegueira dos rios foi de 4,6% (74 pessoas do total estudado) em 15 comunas, enquanto a presença da filaríase linfática foi de 0,4% para a linfedema - fluído corporal que se acumula nos tecidos moles do corpo, habitualmente num braço ou perna - em sete comunas e de 2,6% para hidrocelo - acumulação de líquido entre as membranas que envolvem o testículo no interior do escroto - em 12 comunas.