Sabia que fumar poucos cigarros… pode causar um AVC?
A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral gostaria de o convidar a deixar de fumar, alertando para a importância do tabaco como fator de risco para o acidente vascular cerebral (AVC), mesmo fumando poucos cigarros, sobretudo se for mulher e tomar a pílula anticoncecional, ou tiver outros fatores de risco para doença vascular como hipertensão ou diabetes. Fumar duplica o risco de ter um AVC em relação aos não fumadores, mas quanto mais uma pessoa fuma, maior o risco; por exemplo fumadores de cerca de 20 cigarros por dia têm 6 vezes mais probabilidade de ter um AVC. Boa notícia é que o risco de AVC diminui rapidamente e significativamente ao longo de 3 anos após a cessação do consumo tabágico, igualando o risco dos não fumadores após 5 anos.
E quanto ao risco de doença vascular associado ao uso das novas formas de produtos inalados contendo nicotina, como o cigarro eletrónico, ou os novos produtos de tabaco aquecido sem combustão?
Embora ainda não seja conhecido o risco a médio e a longo prazo, sabe-se que a nicotina inalada causa doença cardíaca e vascular. Acresce que diversos estudos de experimentação animal mostram consistentemente um potencial para causar danos ao sistema vascular. Ou seja, alertam para o risco de poderem causar doença cardíaca e AVC.
A maioria dos fumadores gostaria de deixar de fumar e já tentou várias vezes sem ter conseguido, sentindo-se, por isso, inseguros e pouco confiantes.
Deixar de fumar pode parecer muito difícil, mas é possível! Milhões de fumadores já o conseguiram e podem testemunhar. Por outro lado, o tratamento é eficaz e torna o processo muito mais fácil e tranquilo.
Alguns fumadores conseguem-no fazer sozinhos, mas a maioria vai precisar de ajuda de um médico e/ou psicólogo. Deixar de fumar é um processo de aprendizagem que envolve determinação, disponibilidade para seguir um programa de ajuda que tem etapas e estratégias próprias, e cujo objetivo é manter a abstinência ao longo do tempo.
E como se deixa de fumar?
Fumar não é um hábito nem um estilo de vida, mas uma dependência. O tratamento da dependência do tabaco é uma combinação de aconselhamento comportamental e medicação específica para substituir a nicotina, que é a substância primária que causa dependência, e assim aliviar o desconforto físico e sobretudo emocional e psicológico da cessação do consumo.
Quando o fumador cessa de fumar, a falta de nicotina pode provocar ansiedade, irritabilidade, dificuldade de concentração, insónia, agitação, aumento do apetite, desejo incontrolável de fumar, ou mesmo desconforto físico e psicológico.
Estes sintomas fazem parte da síndrome de privação nicotínica, que pode ser tratada substituindo a nicotina, na forma oral (pastilhas para chupar ou gomas de mascar) e/ou transdérmica (adesivos colocados na pele, acima da linha da anca), ao longo dos primeiros três meses da cessação tabágica. Durante este período, os ex-fumadores habituam-se e aprendem a viver como não fumadores. Existem também medicamentos orais não nicotínicos que atuam no cérebro, nos mesmos circuitos neuronais da nicotina (vias da dependência física e psicológica). Estes medicamentos são seguros e eficazes: diminuem o prazer de fumar, controlam o desejo de fumar, e tratam a síndrome de privação nicotínica.
O aconselhamento envolve o ensino de hábitos e estilos de vida saudável; aconselhamento prático para deixar de fumar; conselho médico para a cessação com foco nos benefícios para a saúde em geral e personalizado no fumador, tendo em conta a sua idade, género, condição de saúde, e comportamento e história tabágica; e em alguns casos apoio psicológico.
Diversos estudos mostram que o aconselhamento especializado para deixar de fumar aumenta a eficácia da medicação.
Se já tentou deixar de fumar e não conseguiu, não desista, peça ajuda! A maioria dos ex-fumadores teve que tentar várias vezes, até conseguir!
Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. Ligue para a Linha Saúde 24 - 808 24 24 24 e receba aconselhamento e orientação para agendar uma consulta grátis no Serviço Nacional de Saúde, com possibilidade de comparticipação da medicação.
Nunca é tarde para deixar de fumar, vale sempre a pena e há sempre benefícios, quer na saúde, quer económicos - veja o que pode ganhar! Se já está doente, deixar de fumar é o tratamento mais importante da sua doença. Só assim conseguirá viver melhor e minimizar o sofrimento. É muito importante saber que quem sofreu um AVC tem um risco muito elevado de ter um novo AVC se continuar a fumar.
Dicas para deixar de fumar: https://www.sns.gov.pt/sns-saude-mais/deixar-de-fumar/