Hipertensos com elevado risco cardiovascular
A Hipertensão Arterial é um dos principais factores de risco para situações como o Acidente Vascular Cerebral (responsável por 60% dos casos), o Enfarte do Miocárdio, a Insuficiência Cardíaca e a Insuficiência Renal, bem como para patologia da Aorta que inclui o Aneurisma.
Apesar do enorme progresso na compreensão pública do problema e dos extraordinários avanços na terapêutica, o número de doentes tratados em que se consegue obter um adequado controlo, de acordo com as recomendações das organizações científicas, é diminuto.
Em Portugal, apenas um terço dos doentes tratados (os quais correspondem a cerca de metade dos casos conhecidos) se encontrava controlada, no conhecido estudo publicado pelo Prof. Mário Espiga de Macedo e desse e de outros estudos, calcula-se que entre nós existam dois milhões de hipertensos, dos quais apenas metade terá sido diagnosticado, 500 mil fazem terapêutica e 250 mil estarão controlados. Todavia, o tratamento da hipertensão conduz a uma redução real do risco cardiovascular, por exemplo calculando-se que em hipertensos com risco cardiovascular elevado, a incidência de AVC se reduza em 20 a 30% para cada 1-3 mmHg de descida do valor tensional.
Em muitos casos, a obtenção de valores tensionais nos níveis recomendados é difícil e exige uma avaliação atenta dos doentes para excluir causas de pseudo-refractoriedade à terapêutica (hipertensão da bata-branca ou sobrecarga de volume por exemplo) ou casos mais raros de hipertensão secundária.
No entanto, excluídas essas situações, calcula-se a partir da experiência de ensaios clínicos, que em 20-35% dos casos não seja possível obter um adequado controlo tensional, apesar de medicação anti-hipertensiva com três ou mais fármacos. Estes casos de Hipertensão Refractária (HTR) podem ir de cerca de 5% no ambulatório de clínica geral até mais de 50% na clínica de nefrologia.
Apesar de não existirem números com suficiente poder para se saber com precisão o pronóstico da HTR, é muito clara relação entre os valores tensionais e o risco, a partir de vários estudos clínicos e epidemiológicos.
A hipertensão refractária ou de difícil controlo exige seguimento por especialistas com programas de acompanhamento individualizados, tendo sido propostos tratamentos farmacológicos e não farmacológicos.