Reflexão para o Dia Internacional do Enfermeiro
O Dia Mundial do Enfermeiro surge como forma de homenagem a Florence Nightingale, Enfermeira Inglesa nascida em 1820, unanimemente considerada como a fundadora da Enfermagem Moderna. Para Nightingale (1871):
A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la com arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor, pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes, poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!
A “Dama da Lâmpada”, termo pelo qual Florence Nightingale ficou conhecida pelo facto de se auxiliar de uma lamparina, para observar os feridos durante a noite na Guerra da Crimeia (1854), lançou as bases da Enfermagem Moderna na medida em que passou a integrar os dados, que obteve durante a experiência de campo, na melhoria dos próprios processos de atendimento.
O percurso contemporâneo da Enfermagem, enquanto disciplina com um campo de conhecimento próprio, tem sido suportado pela produção de evidência científica cada vez em maior número e qualidade e que permitiu uma mudança significativa de paradigma.
Passamos da Enfermagem muito ligada às Ordens Religiosas, com espírito de devoção e abnegação, em que eram apenas cumpridas prescrições e seguidas ordens sem qualquer espírito reflexivo, caminhando no sentido de uma profissão cada vez mais regulamentada, com um conjunto próprio de saberes que são fortemente integrados na melhoria das práticas assistenciais.
Esta dimensão da Prática de Enfermagem Baseada na Evidência, coloca a profissão na linha da frente, ao mesmo nível das restantes profissões na área da saúde em termos dos contributos que oferece para o resultado final.
O carácter progressivamente mais científico permite, por um lado normalizar procedimentos e por outro, acrescenta Intencionalidade aos actos desenvolvidos e empregues pelos Enfermeiros. É esta Intencionalidade do acto que nos diferencia dos demais.
Em Portugal a profissão foi adequadamente regulamentada em 1996 através do REPE – Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro (Decreto-Lei n.º 161/96, de 4 de Setembro). Esta regulamentação, tal como descrito no documento, surgiu pela crescente complexificação e dignificação do exercício profissional e como reconhecimento do valor significativo do papel do Enfermeiro na qualidade e eficácia da prestação de cuidados de saúde.
No actual enquadramento legal, o Enfermeiro é o profissional que mediante a aplicação de metodologia científica, tem competência científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de enfermagem ao indivíduo, família, grupos e comunidade, ao níveis da prevenção primária, secundária e terciária. Na prática, o Enfermeiro está presente na vida do cidadão ao longo de todo o ciclo de vida, desde o nascimento até à sua morte.
Cabe ao Enfermeiro, em cada um desses momentos, encontrar a melhor forma de ir ao encontro das necessidades dos utentes, recolhendo dados que lhe permita efetuar um diagnóstico de Enfermagem claro e objetivo, planeando e executando as acções adequadas aos problemas detectados.
Assim, os Cuidados de Enfermagem caracterizam-se por estabelecerem uma relação de ajuda com o utente e podem englobar o escutar, o acolher, o estar perto, o confortar em diversos contextos, por vezes nos mais adversos. Mas independentemente da ação tomada, ela tem de estar totalmente revestida de uma intenção que é própria da profissão e que cabe apenas ao Enfermeiro.
Recordo sempre com carinho uma das primeiras frases que me foram transmitidas durante o curso de Enfermagem:
Enfermagem é a Ciência e a Arte do Cuidar.
Parabéns a todos os Enfermeiros.
Um abraço!