Grupo mexicano paga 2,5 ME ao Estado por abuso de informação na OPA à Luz Saúde
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De acordo com a decisão do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP), o Ministério Público decidiu aplicar a suspensão provisória do processo pelo período de três meses impondo aos arguidos Olegário Vásquez Raña (fundador do grupo) e a Olegário Vásquez Aldis (filho do fundador e diretor-geral) a obrigação de pagar 1,25 milhões de euros cada um.
Este processo relaciona-se com a Oferta Pública de Aquisição (OPA) voluntária lançada por este grupo mexicano em agosto de 2014 sobre a então Espírito Santo Saúde - entretanto denominada Luz Saúde - e o facto de os donos e administradores do grupo mexicano terem comprado ações da empresa quando já sabiam que ia ser anunciada a OPA, penalizando os restantes investidores, que não tinham essa informação.
Segundo a documentação, “desde pelo menos o início de julho de 2014 o GASS [grupo Angeles] e os seus administradores tinham a intenção de adquirir participação de controlo na Espírito Santo Saúde e a OPA estava a ser preparada alguns dias antes de 30 de julho de 2014”.
Para o Ministério Público, Olegário Vásquez Raña e Olegário Vásquez Aldis “pretenderam, assim, realizar mais-valias, tomando decisões de investimento com o uso, em proveito próprio, de informação que não era conhecida pelo público e que os colocaram em desigualdade, por vantagem, perante os demais investidores em mercado bolsista”.
Segundo a investigação, estes arguidos e o grupo Angeles iniciaram a compra de ações em 18 de julho que se prolongaram até à véspera do anúncio da OPA, a um preço entre 3,62 euros e 3,89 euros por ação.
Em outubro de 2014, Olegário Raña, Olegário Aldis e o grupo Angeles venderam as ações através da oferta OPA lançada pela seguradora Fidelidade ao preço de 5,01 euros por ação.
“A mais-valia efetiva potencial obtida tendo em conta o valor final oferecido pela própria OPA lançada pelos arguidos foi de 2.359.174 euros [2,359 milhões de euros]”, refere o Ministério Público.
A justificar a decisão de aplicar a suspensão provisória do processo, o Ministério Público aponta o facto de a moldura penal do crime de abuso de informação privilegiada não exceder os cinco anos de prisão e de Olegário Raña e Olegário Aldis terem concordado com os valores de pagamento que lhes foi imposto.
Também o facto de não terem antecedentes criminais pela prática de crime de natureza semelhante e de na sua conduta não resultarem consequências gravosas foram outros fatores que pesaram na decisão do Ministério Público.
Já em 2014, a imprensa tinha noticiado que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estava a analisar a OPA em causa pelo crime de abuso de informação. Antes de ser anunciada a OPA, em 18 de agosto de 2014, o grupo tinha mais de 3% do capital da Luz Saúde.
A Espírito Santo Saúde pertencia ao universo do Grupo Espírito Santo e foi comprada pela seguradora Fidelidade (que pertence aos chineses da Fosun) em outubro de 2014, no âmbito de uma OPA.
A empresa é dona Hospital da Luz, em Lisboa, entre outras unidades hospitalares.