Melanoma, o cancro de pele que mata
O diagnóstico “cancro” continua a provocar calafrios a quem o recebe. É o que se passa com o melanoma, o mais mortífero dos cancros de pele. Mas não tem que ser assim. Quando diagnosticado na fase inicial é curável em mais de 90% dos casos. Ou seja, estar informado, fazer rastreios cutâneos periódicos e detetar manchas e sinais suspeitos precocemente é crucial.
O que é um Melanoma?
O melanoma é um tumor resultante da transformação maligna das células melanócitos que existem na camada profunda da epiderme, na pele. Quando se transformam, invadem e destroem outros órgãos levando à falência dos mesmos. É, portanto, um cancro maligno.
O melanoma afeta sobretudo população adulta, tem predomínio na 4ª década de viva, não tem preferência de sexo, e tem maior incidência na população com fotótipos baixos. A sua incidência tem vindo consistentemente a aumentar na ordem dos 6% ao ano. Nos EUA 1 em cada 50 pessoas terá melanoma se se mantiveram as condições existentes. Em Portugal é semelhante. Sabendo que no estádio 0 há uma taxa de sobrevivência de 97% aos 5 anos, mas que esta baixa para 10% no estádio 4, percebe-se o quanto é importante em termos de saúde pública apostar no diagnóstico precoce e na informação das populações.
Quais os fatores de Risco?
História familiar: antecedentes de melanoma na família aumenta o risco em 2,2 vezes.
Caraterísticas individuais: fotótipo baixo, ou seja, pele clara, olhos claros, cabelo louro ou ruivo; reação da pele ao sol (bronzeia pouco ou nada); quantidade de sinais (nevos) com características atípicas; nível de imunidade (imunossupremidos, transplantados).
Hábitos de exposição solar: exposições repetidas e intensas a radiação Ultravioleta A e B (UVA e UVB), exposições prolongadas em pessoas que aplicam filtros solares (que nunca protegem integralmente a pele do sol!), número de queimaduras solares, habitar em latitudes baixas.
Genética: síndroma dos nevos atípicos. Famílias com esta síndroma têm 11% maior risco de vir a desenvolver melanoma e se tiverem 2 familiares diretos com melanoma o risco aumenta para 100%. É relativamente raro.
Estrato socioeconómico: pessoas com baixas condições económicas de acesso à saúde e com baixo nível de instrução têm tendência a recorrer menos aos serviços de saúde e o diagnóstico ser mais tardio.
Como se diagnostica?
Sendo o melanoma um cancro de pele e a pele um órgão visível na totalidade, simplesmente vê-se! A regra do A, B, C, D é muito útil para nos ajudar nesta tarefa:
- Assimetria: sinais com são assimétricos têm maior risco.
- Bordo: sinais com bordo irregular têm maior risco.
- Cor: cor negra, com irregularidades, vários tons de castanho, têm maior risco
- Diâmetro: por definição um cancro é maligno porque cresce e invade; lesões que estão a crescer e são maiores que 6 mm devem ser observadas pelo dermatologista.
Portanto, sinais que aparecem de novo ou são pré-existentes, que estão a mudar e a crescer, assimétricos, com bordo irregular e com diferenças na cor (partes escuras, negras e outras castanhas), devem ser obrigatoriamente avaliadas por dermatologista.
No dermatologista será feita uma avaliação com dermatoscópio, instrumento que ajuda ao diagnóstico diferencial de melanoma.
O que se faz em caso de suspeita de Melanoma?
Dependendo da localização do sinal e dimensões, far-se-á biópsia ou excisão cirúrgica total da lesão e enviar-se-á para análise histológica. Só o exame histológico permite determinar a gravidade – estádio – do melanoma, que depende do nível de profundidade da lesão em milímetros. A biópsia ou excisão é indispensável e não tem contraindicações. Após o diagnóstico de Melanoma, é efetuada nova cirurgia para garantir margens de segurança em relação à lesão tirada. Melanomas avançados obrigam a investigação de atingimento de gânglios ou outros órgãos.
O tratamento médico do melanoma avançado com vários citostáticos e imunomoduladores tem tido resultados medíocres na alteração das taxas de sobrevida dos doentes. Vários medicamentos de engenharia genética, de última geração, estão já comercializados e disponíveis a nível hospitalar (inclusive em Portugal), com resultados promissores a nível das taxas de sobrevida e melhoria da qualidade de vida.
Como já se referiu, o prognóstico depende largamente do estádio em que é diagnosticado o melanoma. Estádios avançados têm taxas de mortalidade muito altas.
Assim sendo, a prevenção e eliminação dos fatores de risco possíveis é essencial.
Examinar a pele em casa regularmente, rever em consulta de dermatologia anualmente, adotar medidas de proteção da exposição solar excessiva (chapéu, roupa protetora, aplicação de filtros solares) e evitar as horas de maior exposição solar indo para áreas de sombra, são medidas simples e ao alcance de todos nós para diminuir a incidência do melanoma. Porque é verdade que pode matar se não tivermos cuidado!