Portugal demora mais de 10 anos a diagnosticar Espondilite Anquilosante e Artrite Psoriática
Os doentes com Espondilite Anquilosante (EA) ou Artrite Psoriática (AP) têm o diagnóstico da doença mais de dez anos depois do aparecimento dos primeiros sintomas. As espondiloartrites, patologias inflamatórias crónicas, afetam 1,6% da população – ou seja, cerca de 160 mil portugueses por cada 100 mil habitantes – sendo que a EA tem uma prevalência de 0,5% (50 mil doentes) e a AP de 0.3% (30 mil doentes). O estudo PAASPORT, uma sub-análise do estudo EpiREumaPt, vem agora confirmar a carga destas doenças em Portugal e o seu impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, nos sistemas de saúde e na sociedade.
A Professora Doutora Helena Canhão, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia e co investigadora principal do estudo refere que “os resultados do EpiReumaPt enfatizam e confirmam a carga das espondiloartrites em Portugal, sobretudo no que se refere à pior qualidade de vida dos doentes, aos níveis de reforma antecipada e também ao consumo dos recursos de saúde. Conhecendo melhor esta realidade, é clara a necessidade de aumentar a sensibilização para estas patologias, ajustando as políticas de saúde associadas com a alocação de recursos que permitam uma intervenção mais precoce”.
Tanto a EA como a AP têm um maior impacto na qualidade de vida do doente quando comparadas com outras doenças reumáticas, reportando piores resultados nas dimensões: dor corporal, saúde geral, vitalidade, função social, desempenho emocional e saúde mental. As perturbações psiquiátricas são uma das co morbilidades mais frequentes nestes doentes, 13% dos doentes reportam sintomas de ansiedade/depressão.
A esfera profissional é também muito afetada, apesar da maioria dos doentes se encontrar numa idade com vida profissional ativa, 13% referem ter faltado ao trabalho nos últimos 12 meses. De salientar que os doentes com artrite psoriática reformam-se ainda mais cedo: 11% dos doentes com EA e AP tiveram que se reformar devido à doença e 20% dos doentes com AP tiveram que o fazer antecipadamente.
Os doentes com EA apresentam um maior consumo de recursos de saúde do que os doentes com AP, sendo que 9,4% estiveram hospitalizados nos últimos 12 meses, face a 4,1% dos doentes com AP. Mais doentes com EA necessitaram também de cuidados domiciliários no último ano (3,5%).
Sobre o Estudo PAASPORT
O Estudo PAASPORT é uma sub-análise do estudo EpiReumaPt, desenvolvida com o objetivo de estimar a prevalência de EA e AP em Portugal, assim como para fazer uma caracterização clínica dos doentes portugueses e avaliar o impacto das doenças na sua qualidade de vida. Este estudo foi realizado em parceria com a Novartis.
Grupo de Estudo EpiREumaPt
O Grupo de Estudo EpiReumaPt implementado em 2011, resulta do esforço conjunto da Sociedade Portuguesa de Reumatologia juntamente com a NOVA Medical School, Direção Geral da Saúde e CESOP-UCP. Tem como objetivo desenvolver o primeiro estudo de base populacional de epidemiologia das doenças reumáticas e músculo-esqueléticas. O EpiREumaPt é um estudo transversal da população adulta portuguesa que envolveu mais de 10 mil doentes, entre setembro de 2011 e dezembro de 2013, e que pretendeu estimar a prevalência de 12 doenças reumáticas e músculo-esqueléticas, assim como o seu impacto na capacidade, qualidade de vida, saúde mental e utilização de recursos de saúde.