Envelhecimento inteligente
Todos sabemos o quanto é precioso para um País e para o Mundo garantir o bem-estar, a dignidade e a respeitabilidade das pessoas que conseguiram ultrapassar com sucesso a faixa etária dos sessenta e cinco anos.
Importa, pois referir a importância da Geriatria que é uma ciência cada vez mais necessária para sustentar os pilares de decisão e de intervenção personalizada, fundamentando e solidificando os critérios e os modelos a adotar para conseguir manter um envelhecimento ativo tão carente de estabilidade e de segurança.
Os idosos são úteis, são capazes e fazem falta à sociedade. Os Censos de 2011, revelam que em Portugal existem 2,023 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, correspondendo a cerca de 19 por cento da população total. Nos últimos dez anos este grupo etário aumentou cerca de 19%.
Os dados estatísticos apontam que em 2030 a percentagem de idosos será de 62%, sendo que o grupo da faixa etária dos jovens sofrerá uma redução de 18.8% nessa mesma época.
Prevê -se que em 2050 o número de idosos duplicará (35,7%) e haverá um decréscimo da população juvenil de 0.5 % (14.4%).
Unir as gerações deveria ser uma prioridade para a Nação, pois não conseguiremos conciliar e partilhar o mundo sem que esta simbiose seja conseguida.
No Japão é normal um idoso chegar aos 100 anos, sendo uma mais-valia e uma inquestionável honra por parte da sociedade conseguir obter este privilégio. Respeitar o idoso é uma obrigação social, que dignifica e valoriza a humanidade. Devemos proporcionar as condições e criar os meios necessários para que o envelhecimento ativo seja uma realidade, que proteja o idoso e o ajude a desenvolver hábitos e estilos de vida saudáveis.
Envelhecer não é sinónimo de encargo social, bem pelo contrário é usufruir da experiência e do conhecimento vivenciado por pessoas que representam a pérola de um grupo social que já demonstrou que tinha, tem e terá capacidade para nos ensinar e para enobrecer os padrões de cidadania. O seu percurso simboliza a nobreza de quem trabalhou e alguns ainda trabalham para construir uma sociedade exemplar cujo alicerce é sustentado na pérola de uma vida dedicada à família ao trabalho e ao enriquecimento do País. Quem tenta encarar o envelhecimento como um "fardo " irá de certeza receber uma enorme surpresa quando atingir essa idade porque a experiência vivenciada pelas pessoas que compõem esta faixa etária é de um valor incalculável e insubstituível.
Os idosos representam o pilar de uma história, de uma vida vivida com sucesso e de uma felicidade indiscritível. Só quem não acredita na humanidade é que tenta passar a mensagem de inaptidão dos idosos ou de sobrecarga económica para um País. O envelhecimento não é algo pejorativo, mas sim a demonstração clara de uma geração que ajudou e continua a ajudar o mundo a crescer e a enriquecer.
Os idosos representam um ciclo natural da existência como é o ciclo das crianças, dos adolescentes e dos adultos. Então porque é que há cada vez mais casos de maus tratos e humilhação nas pessoas que demonstraram claramente serem capazes de enriquecerem a família, as empresas, a sociedade e o mundo?
É necessário criar e fomentar o culto das qualidades e do valor dos idosos. Somar anos a vida não é vergonha mas sim sabedoria. As políticas sociais de integração dos idosos, devem ser incentivadas, valorizando o envelhecimento ativo e reforçando o seu contributo para solidificar a estrutura familiar, a sociedade e o País. Amar e respeitar os idosos é acreditar e reconhecer que estão preparados para harmonizar os valores inquestionáveis de uma sociedade mais acolhedora, mais culta, mais produtiva e mais experiente. Devemos ser inteligentes e não céticos na defesa destes princípios.
Em todas as carreiras profissionais existem pessoas capazes de construir e partilhar experiencias e não é por terem mais idade que devem ser consideradas inválidas, muitas delas ainda estão em condições de exercer e executar as suas tarefas profissionais com um excelente desempenho.
Uma boa parte dos idosos ativos estão motivados e desejosos que lhes sejam criadas condições para poderem colaborar e para ajudarem a ultrapassar a crise de valores e a crise económica que se vivem atualmente. Este acréscimo de sabedoria irá naturalmente ser extremamente útil e recuperador de um bom setor da economia. Os mais experientes serão capazes de obter meios suficientes para impedirem que os seus filhos ou os seus netos emigrem para outros países, minimizando o desconforto e as consequências que a emigração tem, designadamente o isolamento, o abandono e a desintegração da Família, bem como o receio gerado pelo desafio de entrar num outro mercado de trabalho por vezes até incompatível com a sua competência e motivação profissional.
Esta necessidade vivenciada pelos jovens está a crescer abruptamente, sendo obrigados a emigrar para suprir as graves carências económicas e a falta de emprego instalada no nosso País.
Tudo isto seria mais simples e menos oneroso se em vez de “acusarmos os idosos”, os acolhêssemos como parceiros sociais preciosos e imprescindíveis para a recuperação económica. Resta ainda acrescentar que o idoso precisa é de ser amado, respeitado e acarinhado. Devemos ser pacientes, compreensivos para os nossos familiares, amigos e conhecidos que tiveram a sorte de atingir uma idade respeitável dando-lhes o conforto que anseiam e que nós temos o dever de lhes fazer sentir, amando-os e proporcionando-lhes o afeto que necessitam.
São os frutos dos nossos atos diários que colheremos no futuro. Envelhecer é viver, é saborear as experiências vivenciadas é recordar é descobrir os momentos felizes que a vida nos proporcionou.
É sorrir, é presentear a família, os amigos, a sociedade com a sua sabedoria, é amadurecer feliz com a certeza de que a missão foi cumprida e que ainda existem recursos disponíveis e que muito têm ainda para oferecer, como grandes conselheiros nos vários setores profissionais experienciados nos longos anos de trabalho que tiveram.
O idoso não é um "peso social " mas sim é um tesouro que nos presenteia diariamente e que nos ajuda a enriquecer. Não podemos no século XXI abandonar este importante grupo etário.
"Nascer é uma virtude, viver é uma arte e sobreviver é um privilégio "