Intensa prática desportiva na adolescência altera coração dos atletas
A investigação, conduzida pelo docente Joaquim Castanheira, do Departamento de Fisiologia Clínica, no âmbito da sua tese de doutoramento, intitula-se "Participação Desportiva, Crescimento, Maturação e Parâmetros Ecocardiográficos em Jovens Masculinos Peri-Pubertários" e é hoje à tarde apresentada em livro.
Segundo um comunicado da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC), o estudo detetou "diferenças significativas no tamanho, espessura das paredes e massa ventricular esquerda entre jovens desportistas e não desportistas, por um lado, e entre atletas de uma modalidade de nível local e de nível internacional, por outro, relacionando as diferenças encontradas com a prática de treino intensivo e de competição".
"Verificámos que, na mesma modalidade desportiva com metodologias de treino semelhantes, há diferenças significativas para a massa ventricular esquerda entre atletas de nível local e de nível internacional, parecendo que esta é influenciada pelo maior grau de exigência e de sucesso", disse o investigador Joaquim Castanheira, citado no documento.
O estudo teve como objetivo explicar o efeito do treino continuado na remodelagem cardíaca em jovens atletas do sexo masculino, em fase de crescimento, com idades entre os 13 e os 17 anos, uma vez que a maior parte dos estudos conhecidos foram realizados em atletas adultos, dividindo-se em quatro áreas transversais - atletas internacionais e adolescentes saudáveis não atletas, atletas de várias modalidades federadas há mais de cinco anos, basquetebolistas locais e internacionais, e judocas convocados para estágios da seleção nacional.
A investigação constatou ainda a necessidade de acompanhamento médico, previamente e durante a prática desportiva: "Mesmo as crianças devem fazer testes médicos antes de praticar desporto de competição, para despistar eventuais problemas", afirma o docente.
Durante os testes realizados aos 382 atletas que constituem a amostra, o docente Joaquim Castanheira constatou que uma grande percentagem nunca realizou um ecocardiograma e uma pequena percentagem apresentava mesmo alterações estruturais ao nível do coração.
Embora habitualmente os atletas de competição realizem um eletrocardiograma anualmente, "todos os atletas, mesmo os mais jovens, deviam realizar pelo menos um ecocardiograma antes de iniciar a prática de desporto de competição", uma vez que há alterações da estrutura cardíaca que são detetadas por este exame, refere o comunicado da ESTeSC.