Investigadores criam sistema que simula impacto de colisão na cabeça
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Pensado para testar a eficácia de uma nova geração de capacetes com revestimento de cortiça e mais exato do que os testes de colisão feitos com bonecos, o projeto pode ser também aplicado na medicina forense na hora, por exemplo, da reconstrução de acidentes ou de crimes.
O “Yet Another Head Model (YEAHM)”, projeto do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA) do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro (UA) despertou já o interesse da Faculdade de Medicina do Porto e da Universidade de Stanford (EUA) que pretendem usar o modelo, respetivamente, no ensino de medicina forense, e na avaliação de concussões em jogadores de futebol americano. A Federação Portuguesa de Desportos de inverno está também a avaliar a possibilidade de ter o YEAHM ao serviço do desenvolvimento de capacetes desportivos mais seguros para os esquiadores.
O YEAHM foi desenvolvido a partir de imagens médicas obtidas por TAC e ressonância magnética, das quais resultou “um modelo numérico com uma geometria em tudo fiel ao crânio e cérebro humano”.
Para testar as consequências na massa encefálica, ossos e tecidos, os investigadores apenas têm de programar, entre outras variáveis, força, ângulo e localização dos impactos consoante desejam simular, por exemplo, um acidente rodoviário e a eficácia do capacete, ou um golpe criminoso na cabeça.
“Este modelo pode e deve ser utilizado em situações onde interessa avaliar a existência de risco de lesões na cabeça”, diz o investigador Fábio Fernandes, do TEMA, que aponta as diversas aplicações do modelo, seja “na otimização de equipamento de segurança, desde capacetes ao interior dos automóveis e ‘airbags’”, seja na “reconstrução de acidentes e crimes onde se pode tornar uma importante ferramenta forense”.
“Face aos modelos já desenvolvidos por outros grupos, este destaca-se por ter um cérebro com uma geometria muito precisa, estando presentes os sulcos e os giros. A modelação destes é muito importante na previsão de determinados tipos de lesão, como é o caso da concussão cerebral”, explica o professor Ricardo Sousa, coordenador do projeto.