Estudo

Os vírus tornaram-se menos letais para passarem de mães para filhos

Pelo menos um tipo de vírus tornou-se menos letal ao infetar as mulheres para garantir que elas não morrem antes de passar a infeção aos descendentes.

Durante anos, os cientistas acreditaram que o vírus HTLV-1 - que pode causar leucemia, entre outras doenças - era mais mortal para os homens porque as mulheres tinham um sistema imunitário mais robusto, pelo menos contra este vírus em particular.

Mas novas evidências, publicadas na revista científica Nature Communications, mostram que o vírus se adaptou através da evolução para aproveitar uma oportunidade que os homens não podem oferecer: gerar uma criança.

"A razão pela qual estas doenças são menos agressivas em mulheres é que o vírus quer ser passado de mãe para filho", o que pode acontecer no nascimento e durante a amamentação, explicou Vincent Jansen, coautor do estudo e professor da Universidade de Londres.

Tal como descobriu Charles Darwin, as estratégias evolutivas que as criaturas criam para atrair companheiros ou presas, ou para evitarem ser comidas, são infinitamente complexas e surpreendentes, escreve o Sapo.

Assim, não se sabe exatamente como os vírus - partículas microscópicas cujo material genético é relativamente simples - podem detetar e se ajustar ao sexo do hospedeiro.

Jansen e o investigador Francisco Ubeda, também da Universidade de Londres, usaram modelos matemáticos complexos para mostrar que nenhuma outra explicação é tão plausível quanto a que sugerem. Estes cientistas compararam a incidência e a progressão do HTLV-1 no Japão e no Caribe.

No Japão, eles descobriram que o vírus era quase três vezes mais propenso a causar leucemia em homens do que em mulheres. No Caribe, no entanto, as hipóteses do vírus se transformar na sua forma letal era praticamente igual para ambos os sexos.

A razão, deduziram, é que o aleitamento materno - uma das formas em que o vírus pode ser passado de mãe para filho - é mais comum e prolongado no Japão, "levando o vírus a tornar-se menos fatal em mulheres".

Fonte: 
Sapo
Nota: 
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