Um a dois dólares por pessoa e mês daria medicamentos essenciais aos mais pobres
A conclusão é de um estudo, divulgado na segunda-feira pela revista médica 'The Lancet', que apontou que um em cada cinco países gasta menos do que aquele valor em medicamentos, ilustrando “a urgência de financiamento adicional para satisfazer as necessidades básicas de cuidados de saúde”.
Um cabaz de medicamentos essenciais inclui analgésicos, como morfina, drogas contra as doenças infecciosas, como tuberculose, HIV ou malária, tratamentos para situações crónicas, como cancro ou diabetes, além de vacinas e contracetivos.
Classificada como a Comissão Lancet sobre Medicamentos Essenciais, a análise ilustra “desigualdades e ineficiências massivas” no financiamento e na gestão entre regiões, prejudicando o acesso a medicamentos a muitas pessoas.
O documento foi produzido por 21 peritos internacionais e faz recomendações a governos, organizações não-governamentais, instituições de saúde, agências de regulação do medicamento e indústria farmacêutica.
O grupo usou estatísticas sobre a prevalência de doenças, bem como sobre consumo e preço de medicamentos, para calcular o custo do acesso a um cabaz de medicamentos essenciais. O resultado a que chegou foi o intervalo entre 77,4 mil milhões de dólares e 151,9 mil milhões de dólares por ano, o equivalente ao intervalo 12,9 – 25,4 dólares por pessoa.
“Estimativas recentes sugerem que o gasto médio total nos países de baixo rendimento foi de 8,6 dólares por pessoa e por ano”, seguido um comunicado divulgado pela 'The Lancet'.
A maior parte desta verba proveem dos orçamentos das famílias, mais do que dos governos.
As famílias pobres nos países de baixos e médios rendimentos gastam cerca de 9,5% do seu rendimento em medicamentos, o que compara com 3,5% nos mesmos agregados nos países ricos, especificou-se no documento.
Também evidenciou o problema da pobre qualidade dos medicamentos que muitos países de baixo rendimento enfrentam. Em 2013, estima-se que medicamentos de pobre qualidade para a malária tenham provocado a morte a 120 mil crianças na África subsariana.
Por vezes, é uma questão de negligência, outras, de “práticas desonestas”.