Doenças cardíacas, respiratórias e oncológicas continuam a aumentar os custos das empresas com a saúde
O estudo, que avaliou os planos médicos que as empresas oferecem aos colaboradores, mostra ainda que este aumento dos custos é maioritariamente impulsionado pelas escolhas e pelo estilo de vida seguido pelas pessoas, como o tabaco, a falta de exercício físico e uma alimentação incorreta.
O estudo “Medical Trends Around the World”, que foi realizado junto de 171 seguradoras em 49 países, mostra que em 40 países, o aumento médio dos custos de saúde por pessoa corresponde praticamente ao triplo da taxa de inflação. Globalmente, em 2015 registou-se um aumento médio de 9,9% nos custos associados à saúde, sendo que a previsão para este ano aponta para uma percentagem de 9,8%. O aumento das despesas está a ser impulsionado por doenças não transmissíveis, ou seja, que não surgem por contágio mas sim por opções individuais e estilos de vida seguidos. A inflação média dos preços a nível global diminuiu de 3,9% para 3,5% durante o mesmo período.
Para Paulo Fradinho, Business Leader da Mercer Marsh Benefits Portugal, os resultados apurados por este estudo sublinham a importância do papel que as empresas têm globalmente no controlo dos custos de saúde. “Os stakeholders necessitam de assumir esta disrupção nos cuidados de saúde. A janela de oportunidade para uma transformação dos cuidados de saúde liderada pelas empresas está agora aberta, onde a existência de um sistema de saúde económico e de qualidade é catalisador de um maior sucesso empresarial.”
Paulo Fradinho acrescenta: “Acreditamos que uma taxa de inflação de despesas médicas que é praticamente três vezes superior à taxa de inflação global não é sustentável. Neste contexto, é essencial que as empresas percebam a importância de ter um programa de saúde a longo prazo. Esta abordagem requer, no entanto, algum investimento inicial, o suporte da equipa de gestão de topo e uma análise rigorosa do que pode, ou não, ser aplicado junto de uma força de trabalho específica.”
“Há uma coisa que as empresas devem ter sempre presente: a promoção de um estilo de vida saudável junto dos seus colaboradores, tem como consequência a melhoria da sua produtividade, a redução dos períodos de ausência e o aumento do nível de envolvimento com a empresa e o seu trabalho.”
O estudo apresenta também informações sobre o aumento do custo dos cuidados médicos, comparativamente à inflação em cada mercado, bem como sobre as diferentes condições de saúde que assolaram os colaboradores em 2015, os respetivos custos e a frequência registada.
Europa
A Europa é a região que deverá registar os valores mais baixos em termos de inflação dos custos médicos, de acordo com as previsões, com uma percentagem de 7,8% em 2016, valor que compara com uma taxa de inflação média regional de 2,5%. A Rússia, a Lituânia e a Ucrânia deverão registar o maior aumento das despesas de saúde, com aumentos de 17,8%, 17,3% e 15% respetivamente. Os níveis de inflação mais reduzidos na área da saúde surgem em França (1,8%), Holanda (2,5%) e Itália (2,9%). Para Portugal está estimado um aumento dos custos de 4%, valor que abaixo de países como Espanha, Irlanda, Noruega, Suécia e Reino Unido com valores acima dos 5%.
Na Europa, na lista dos principais problemas em 2015, com base no custo total, o cancro surge como a causa principal (53%), seguindo-se as doenças osteomusculares (43%) e as doenças do sistema circulatório (41%). Além destas, a lista contempla ainda as doenças gastrointestinais como as mais frequentes. O estudo destaca ainda que os problemas de saúde relacionados com o stress estão a aumentar na Europa.
Ásia
Em toda esta região, em 2016, as despesas de saúde deverão aumentar 11,5%, uma percentagem bastante superior à taxa média de inflação regional de 2,1%. O maior aumento de custos deverá registar-se no Vietname (19,3%), na Malásia (17,3%) e na Indonésia (11,8%). As doenças do sistema circulatório (59%), o cancro (52%), os problemas respiratórios (46%) e as doenças gastrointestinais (46%) foram os principais problemas de saúde registados em 2015. Vale a pena sublinhar que, na Ásia, o papel do governo em mercados específicos tem um impacto significativo nos custos. Por exemplo, o Vietname antecipou a aplicação de uma legislação para aumentar o custo de alguns serviços hospitalares públicos e produtos em até 30%.
Américas (excluindo EUA1)
As estimativas apontam para um aumento dos custos no Canadá de 6% em 2016, num contexto de uma taxa de inflação de 1,3%. Em toda a América Latina, a inflação média na área da saúde é de 12,8%, uma percentagem que compara com uma taxa de inflação média local de 8%. O maior aumento das despesas deverá acontecer na Argentina (33,3%), seguida pelo Brasil (18,6%) e pelo México (11%). Tal como acontece na Europa, o cancro revelou ser o mais problema em termos de custos (82%). Seguem-se as doenças do sistema circulatório (68%), os problemas respiratórios (27%) e de obstetrícia e gravidez (27%). Na América Latina, os empregadores e as seguradoras procuram endereçar os riscos para a saúde e as alterações demográficas que estão a ser impactadas pela contínua inflação geral e, mais recentemente, por grandes flutuações cambiais.
As seguradoras foram ainda desafiadas a identificar os principais riscos relativamente às despesas de saúde no futuro. De uma forma global, as seguradoras nomearam dois grandes riscos causados por fatores metabólicos (pressão arterial elevada, colesterol) e má alimentação (obesidade, falta de atividade física). O terceiro riscos mais citado varia de região para região. Na Ásia, os riscos ambientais foram considerados um fator relevante, o tabaco foi mais mencionado na América latina, no Médio Oriente e em África. Na Europa, os problemas de saúde emocionais e mentais foram destacados como o terreiro maior risco no contexto dos planos médicos.