Apenas 10% dos doentes tratam a Osteoporose
Aproveitamos o dia 20 de outubro para falarmos um pouco mais da Osteoporose (OP).
Doença muito falada e aproveitada, por vezes, para fins comerciais muitas vezes duvidosos, quando não mesmo imorais.
Trata-se de um problema do metabolismo do osso que vai perdendo quantidade (densidade) acompanhado de deterioração da sua arquitetura, resultando num risco aumentado de fraturas na coluna, anca e ossos periféricos (punhos).
Com o aumento crescente da longevidade, e tendo em conta que se todos vivermos o suficiente TODOS teremos OP, facilmente se compreende que rapidamente se tornou um problema de saúde publica.
É que só em Portugal, nos últimos 20 anos, a esperança de vida à nascença aumentou mais de 10 anos!
Não sendo das doenças mais frequentes, ela é uma importante causa de morte nos países desenvolvidos devido sobretudo às fraturas do fémur.
Muitas vezes chamada de ameaça invisível por não dar sintomas até á primeira fratura ocorrer, a OP tem consequências visíveis e devastadoras com as fraturas da anca pois:
24% dos doentes morrem no 1º ano;
50% das vítimas de fractura da anca perdem a sua autonomia e 33% ficam totalmente dependentes.
Sabia que morrem, em Portugal, mais doentes por fratura do fémur do que mulheres com cancro de mama?
Neste contexto facilmente se compreende o impacto, que é também económico, da OP.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam, só em fracturas da anca a nível mundial, um aumento desde 1990, de mais de um milhão e seiscentos mil casos que atingirá o valor astronómico de mais de seis milhões de fraturas em 2050 se, entretanto, não se encontrarem estratégias preventivas adequadas.
Em Portugal 1 em cada 3 mulheres vai ter uma fratura por osteoporose ao longo da vida, sendo que metade são do fémur. E, naquelas com mais de 50 anos, metade irá sofrer uma fratura por osteoporose.
Os principais fatores de risco para a OP são a idade , o sexo e os fatores hormonais (como a baixa dos estrogénios na menopausa ou o deficit de testosterona nos homens), a hereditariedade, (que condiciona o pico de massa óssea que atingimos no final da adolescência), a alimentação (leite e derivados), alguns medicamentos como os corticoesteroides e a heparina, a atividade física e alguns hábitos nocivos como o álcool e o tabaco.
O desafio atual está na identificação correta dos doentes em risco por um lado e na falta de tratamento médico que ocorre nos doentes que já tiveram uma fratura osteoporótica…
Entre nós apenas 10 a 15% daqueles doentes estão a tratar a sua OP!
Embora se possa medir a densidade óssea em vários locais (coluna, fémur, antebraço e pé) e classificar como normal, baixa ou muito baixa a massa óssea e com ela ter uma noção do risco aumentado de fraturas, novos instrumentos que os reumatologistas e outros especialistas interessados no tratamento da OP conhecem bem permitem calcular o risco de fratura a 10 anos.
Nele são questionados além da idade, sexo, peso e altura, hábitos como fumar, beber mais de 3 cervejas, whiskies ou 0,5 litro de vinho por dia. A toma prolongada de corticóides ou a presença de algumas doenças endócrinas ou uma menopausa antes dos 45 anos.
A artrite reumatóide é por si só também um fator de risco, assim como a ocorrência de uma fratura prévia de baixo impacto ou a fratura da anca nos pais.
Junta-se por fim a densidade do colo do fémur gerando-se a estimativa de fratura a 10 anos e assim apoiar a decisão de tratar a OP naquele utente.
Não irei falar hoje dos medicamentos usados no tratamento da OP, mas farei uma menção à necessidade de ingerir cálcio e suplemento de vitamina D, esta última muito falada pelos benefícios que acrescenta, para além da absorção do cálcio, reduzindo o risco das quedas nos idosos e diminuindo também o risco de várias outras doenças, parecendo estar associada a uma maior longevidade.
Das medidas não medicamentosas lembrava a importância do exercício. Mesmo sem ir ao ginásio ou correr, ANDE! Caminhar entre 30 a 45 minutos por dia faz muito pelo seu osso: melhora a massa muscular e a coordenação dos movimentos.
Mas tem que o fazer regularmente… pode deixar o carro mais longe, apear-se do transporte público na paragem anterior, passear o cão ou estreitar afetos com a família pondo a conversa em dia!
Outros cuidados não medicamentosos são evitar as QUEDAS.
Mesmo em casa, onde um terço das fracturas ocorrem (metade das quais na cozinha ou casa de banho), procure:
Não caminhar em pisos escorregadios;
Retirar os tapetes;
Ter muito cuidado com animais domésticos em casa;
Ter iluminação adequada;
Colocar corrimãos nos corredores e escadas;
Evitar altura excessida da cama;
Não ter fios elétricos espalhados;
Usas bases para duche;
Ter suportes e apoios (bancos) no duche;
Não usar chinelos;
Apoiar-se em bengala ou canadiana, se tiver desequilíbrio
Algumas intervenções possíveis para evitar quedas são:
Não receitar sedativos;
Evitar polimedicação;
Avaliar visão periodicamente;
Evitar o alcóol
Cuidado com alguns remédios para a hipertensão;
Acender a luz ao levantar-se de noite;
Nunca subir a bancos ou cadeiras;
Usar, eventualmente, protetores da anca.
Fale com o seu médico sobre as suas dúvidas e procure os seus conselhos nesta área.
Na dúvida ouça o especialista.
E se quiser mais informações pode contactar as duas associações existentes em Portugal:
A APOROS e a APO (Associação Portuguesa de Osteoporose).