Centro Materno-Infantil do Norte segue mais de 100 doentes com endometriose
![](https://www.atlasdasaude.pt/sites/default/files/styles/medium/public/field/image/sistema_reprodutor_feminino_mulher_vagina_trompas_falopio_ovario_ss_1.jpg?itok=I450VQ0m)
"É esse o resultado preliminar da investigação", revelou o ginecologista Hélder Ferreira, que nesse hospital coordena a equipa dedicada ao estudo da doença feminina que é uma das causas mais frequentes de internamento ginecológico e estará na origem de até 1/3 dos casos de infertilidade registados em Portugal.
"Seguimos uma população superior a 100 doentes de várias regiões do Continente e também dos Açores e da Madeira, e os resultados preliminares indicam que há uma melhoria clara dos sintomas da doença nas mulheres que foram sujeitas a tratamento cirúrgico", explica o também coordenador da Unidade de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva do Centro Hospitalar do Porto.
O acompanhamento às mais de 100 utentes diagnosticadas com endometriose vem assim demonstrando que a cirurgia contribuiu para a melhoria generalizada da sua qualidade de vida, "tanto no que se refere à dor crónica, como no que respeita à própria fertilidade".
Isso assume particular relevância considerando que as intervenções para tratamento da doença são muitas vezes de concretização complexa e, dado o caráter invasivo das cirurgias e o número de órgãos afetados, envolvem risco significativo para as pacientes.
"Precisamente por isso é que o Centro Hospitalar do Porto executa essas cirurgias por via laparoscópica", realça Hélder Ferreira "O Centro Materno-Infantil do Norte é, aliás, um dos poucos hospitais do Serviço Nacional de Saúde a apostar em procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos para tratamento da endometriose", acrescenta.
Quanto ao progresso da investigação desenvolvida nessa unidade, o ginecologista reconhece que o Estado tem dado o seu contributo para financiamento do trabalho em causa, mas considera que há uma grande margem para evolução.
"Em países como os Estados Unidos e a Alemanha, este tipo de investigação é muitas vezes suportado totalmente pelo mecenato", revela. "Em Portugal ainda não há esse hábito, mas era bom que as empresas de maior dimensão passassem a demonstrar responsabilidade social também neste domínio da medicina", defende.
A endometriose consiste na presença de células do endométrio que, em vez de confinadas ao útero, se alojam noutros órgãos do corpo humano e podem assim invadir o intestino, a bexiga e outros elementos próximos do sistema reprodutor feminino, eventualmente chegando também aos pulmões e até ao cérebro.
Os sintomas mais frequentes da doença são a cólica menstrual e a dor durante o ato sexual, mas outros indícios comuns são a infertilidade, a obstipação e o sangramento urinário.
Segundo Hélder Ferreira, este é "um problema de saúde pública" que afeta 10 a 20% da população feminina em idade fértil e sobre o qual "ainda há um desconhecimento enorme entre a própria comunidade médica", pelo que a dor indicadora de endometriose é muitas vezes confundida com a cólica menstrual, dificultando o diagnóstico atempado.