Abordagem multidisciplinar na saúde mental em debate
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“O Triângulo de Intervenção Neurobiologia, Psicoterapia, Farmacologia: Pesos, Medidas e Controvérsias” é, precisamente, o tema do 2.º Congresso Internacional em Saúde Mental, que vai ter lugar no Convento dos Congregados, naquela cidade alentejana.
O evento é organizado pela Casa de Alba – Comunidade Terapêutica em Saúde Mental, do concelho de Estremoz e pertencente à Fundação Romão de Sousa, em colaboração com as universidades Nova de Lisboa e de Évora, explicou hoje a entidade promotora.
O diretor clínico da Casa de Alba, João Gonçalves Pereira, disse hoje à agência Lusa que, durante os dois dias, os “cerca de 200 participantes” já inscritos, vindos “dos quatro cantos do mundo”, vão debater a importância de adequar a prática à teoria e às boas práticas no que toca à abordagem da problemática da saúde mental.
Em Portugal, disse, o tema da saúde mental “é discutido e as leis são feitas”, mas “o problema neste momento está na aplicação das leis e daquilo que se vai dizendo e pensando”.
A coexistência entre a teoria e a prática “nem sempre é pacífica”, continuou, explicando que, “por vezes, os manuais internacionais recomendam” uma intervenção envolvendo as várias especialidades, mas, “na prática clínica faz-se outra” abordagem.
“Há pressões, nomeadamente políticas e da indústria farmacêutica, sobre quais os profissionais que devem estar envolvidos, se devem ser médicos, psicólogos ou se devem ser todos”, indicou.
Segundo João Gonçalves Pereira, “devia haver uma integração” das três especialidades na intervenção dos doentes mentais, tal como está definido nas leis relativas à saúde mental, mas “nem sempre é assim”.
Como exemplo, o especialista apontou os hospitais públicos, que “estão sempre muito pressionados com a quantidade de trabalho que têm para fazer e, muitas vezes, acabam por não ter tempo, nem recursos, para fazer aquilo que é recomendado”.
O que significa, “muitas vezes, privilegiar a abordagem farmacológica” dos doentes “por não haver tempo, nem disponibilidade para as outras abordagens, que demoram mais tempo e são mais dispendiosas a curto prazo, ainda que a médio e longo prazo possam ter mais benefícios para os doentes”, alertou.
Entre os participantes inscritos no congresso em Estremoz vão estar psicólogos, psicoterapeutas, médicos psiquiatras e outros profissionais de saúde mental, referiu o organizador, explicando que as inscrições estão abertas e podem ser efetuadas durante o debate.
O programa, com a intervenção de diversos especialistas internacionais, inclui “quatro comunicações principais e uma série de sessões paralelas, com vários temas”, realçou também o diretor clínico da Casa de Alba.