Imunoterapia é nova esperança contra o cancro da cabeça e pescoço
"Depois de ter sido demonstrada a eficácia e segurança do medicamento, hoje mostrou-se que há uma melhoria muito significativa na qualidade de vida dos doentes", explicou Ana Castro, presidente do Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço, que falou com o Diário de Notícias a partir de Copenhaga. Com esta terapêutica, verificou-se uma redução em 30% do risco de morte nos doentes e um ganho médio de sobrevida de 7,5 meses, mais cinco do que o ganho habitual com a quimioterapia, que ronda os dois. Ao fim de um ano, 36% dos doentes estão vivos, sendo que, os tratamentos standard com quimioterapia têm uma taxa média de sobrevivência a um ano de 16.6%.
Quando é usada a quimioterapia, os doentes perdem qualidade de vida, razão pela qual muitos só fazem o tratamento de primeira linha. De qualquer forma, esclarece Ana Castro, o ensaio clínico com o Nivolumad, que usa o sistema imunitário para lutar contra o cancro, foi feito para a segunda linha, estando ainda em curso os estudos para trazer o medicamento para a primeira linha de tratamento.
Os benefícios deste tratamento foram de tal forma notórios que o estudo foi interrompido antecipadamente, para que os doentes que estavam a participar no ensaio a fazer tratamento com quimioterapia pudessem ser tratados com este fármaco. "Viram-se benefícios muito importantes. Não era legítimo deixar os doentes a fazer quimioterapia", explicou ao Diário de Notícias Ana Castro. Nesse grupo, que fez imunoterapia e quimioterapia, houve um ganho médio de sobrevida de 5,1 meses.
Segundo a presidente do Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço, o Nivolumad já é usado no "melanoma, cancro do pulmão e carcinoma do rim". Resta agora que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) aprove o seu uso para o cancro da cabeça e pescoço. Como "não há nada na área", Ana Castro acredita que a nova indicação para o fármaco possa ser aprovada até ao final do ano.