Nariz humano contém um poderoso antibiótico
"Normalmente os antibióticos formam-se apenas entre bactérias de solo e em fungos" explicou o microbiologista Andreas Peschel. "A ideia que a microflora humana pode também ser uma fonte de agentes microbianos é uma descoberta nova", afirmou.
O novo antibiótico, escreve a RTP, pertence a uma nova classe e é capaz de derrotar até mesmo a poderosa bactéria multi-resistente MRSA - pelo menos em ratinhos.
O Methicillin-resistente Staphylococcus aureus ou MRSA é considerado responsável por 19.000 mortes todos os anos nos EUA e por outras tantas na Europa - muito mais do que o HIV e o SIDA. Há mais organismos super-resistentes a espalhar-se.
Os cientistas da Universidade de Tübingen, na Alemanha, começaram por analisar as bactérias nasais de 90 participantes no estudo.
A princípio, a equipa não estava à procura de nenhuma nova classe de bactéria. Mas encontraram uma, chamada Staphylococcus lugdunensis.
A partir dela desenvolveram o novo antibiótico, chamado Lugdunin, usado depois nos testes em ratinhos. Os resultados animadores sugerem que podemos ter nas nossas mãos um novo tratamento, embora não possa para já ser usado em humanos.
Os cientistas descobriram ainda que as bactérias MRSA e as Staphylococcus lugdunensis raramente se encontram ao mesmo tempo no nariz humano, o que reforça a ideia de que estas últimas podem ajudar a combater as primeiras.
Desde 1980 que não se encontrava uma classe semelhante de antibióticos e a descoberta abre a porta à luta contra as novas bactérias super-resistentes que se desenvolveram em resposta aos medicamentos desenvolvidos no século XX.
"O Lugdunin é apenas o primeiro exemplo", disse Peschel a The Verge. "Talvez seja apenas a ponta do icebergue".
É possível que existam muitos mais organismos resistentes aos antibióticos clássicos que podem ser combatidos com o Lugdunin ou qualquer outra coisa mais que exista nos nossos narizes. Mas isso só se saberá dentro de alguns anos.
Os especialistas avisam que a MRSA deverá tornar-se eventualmente resistente ao Lugdunin mas este é um raio de luz na luta contra os organismos multi-resistentes, que desenvolveram defesas contra todos os tratamentos e por isso se tornaram fatais para os seres humanos, podendo ser responsáveis por milhares de milhões de mortes até em 2050.
O Lugdunin está agora na frente da corrida do desenvolvimento de tratamentos alternativos.