Osteoartrose

Exercício físico regular promove a mobilidade articular

Atualizado: 
25/07/2016 - 14:50
Afetando mais o sexo feminino, a Osteoartrose é uma doença degenerativa da cartilagem articular que tem como principais fatores de risco a idade avançada, a obesidade ou a falta de atividade física. Dor, rigidez e limitação dos movimentos são os principais sintomas.

De acordo com o Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas (PNCDR), publicado em 2004 pela Direção-Geral de Saúde, as doenças reumáticas são o primeiro motivo de consulta nos cuidados de saúde primários e representam a principal causa de incapacidade temporária para o trabalho e de reformas antecipadas por doença ou invalidez.

Afetando cerca de dois milhões de pessoas no país, a osteoartrose é uma doença degenerativa da cartilagem articular que apresenta como principais sintomas dor, rigidez, limitação dos movimentos e, em fases mais avançadas, deformação.

“A cartilagem articular é um tecido conjuntivo flexível que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre si”, começa por explicar Carlos Martinez Evangelista, especialista em Ortopedia.

“Esta cartilagem é nutrida pelo líquido articular ou líquido sinovial que contribui para a lubrificação da articulação, facilitando os seus movimentos para que as cartilagens deslizem umas sobre as outras sem desgaste. Na osteoartrose a cartilagem da articulação ulcera e o osso reage, dando origem a proeminências, conhecidas vulgarmente por «bicos de papagaio», acrescenta.

A osteoartrose pode afetar qualquer pessoa, inclusive indivíduos mais jovens, no entanto, estão entre o grupo de risco as mulheres pós-menopáusicas, pessoas idosas, trabalhadores com atividade físicas repetitivas ou com alterações da ergonomia e desportistas amadores ou ocasionais.

“O risco de osteoartrose aumenta com a idade sendo mais comum nas mulheres, onde a obesidade é um dos principais fatores de risco, e não só pelo fator mecânico do peso como também pelos desequílibrios musculares”, revela o especialista.

Sabe-se, aliás, que esta doença afeta 32,6 por cento das mulheres e 14,5 por cento dos homens, sendo que os fatores hormonais, associados aos desequílibrios musculares são, na realidade, considerados como uma das principais causas de risco de osteoartrose nas mulheres. “Por isso, o período pós-menopausa pode ser mais propício ao desenvolvimento da doença”, explica Carlos Martinez Evangelista.

Por outro lado, existem ainda fatores de risco articular “como a existência de fraturas antigas que com o tempo irão conduzir a um processo artrosico prematuro da articulação, por alteração dos vetores de força na superfície articular em causa”.

Outro dos fatores de risco pode ser a própria profissão, caso esta provoque stress articular. “Nestas alturas pensamos sempre nos desportistas de alto rendimento, quer seja do futebol, andebol, halterofilismo ou outros mais. Mas, também existem hoje jogos, particularmente de consolas, que levam à artrose dos polegares (rizartrose), por uso desmesurado destas”, esclarece o ortopedista.

No entanto, a falta de atividade física pode ser, também, uma das responsáveis pelo desenvolvimento da doença, uma vez que a “inatividade leva a uma rigidez, falta de lubrificação, perda de mobilidade e desgaste por desuso”. 

De acordo com o primeiro estudo epidemiológico nacional sobre doenças reumáticas – EpiReumaPt – estima-se que 24 por cento da população sofra de osteoartrose, “sendo o joelho (12,4%), mãos (8,7%) e anca (2,9%) as articulações mais afetadas”, e cuja incidência tende a aumentar com a idade.

“Até aos 40 anos a incidência da doença é menor, no entanto, pode acontecer em indíviduos mais jovens caso tenham sofrido algum tipo de lesão articular, predisposição genética ou caso haja sobrecarga da articulação”, afirma o especialista em ortopedia.

O diagnóstico da osteoartrose é feito com base nos sintomas, na observação das articulações e na avaliação radiográfica “e eventualmente ecográfica das mesmas”.

“Para lidar e prevenir a osteoartrose existe uma combinação de fatores que devem ser tidos em conta. Alguns dos principais são a alimentação, o exercício físcio, privilegiando os alongamentos e sem carga, assim como a medicação específica ou a suplementação adequada”, avança Carlos Martinez Evangelista.

Segundo este especialista, existem vários estudos que confirmam que alimentos ricos em ácidos gordos (ómega3), frutos e legumes ricos em vitaminas e antioxidantes são essenciais para a manutenção da saúde articular. “A suplementação adicional pode afetivar a absorção dos nutrientes e vitaminas necessários, uma vez que a capacidade do corpo de absorver alguns nutrientes se torna menos eficiente com a idade”, acrescenta.

“Do ponto de vista da suplementação são interessantes as soluções que combinam a glucosamina com nutrientes ómega3, por garantirem resultados nutricionais satisfatórios. As dosagens diárias recomentadas são: Glucosamina 1500 mg, Condroitina 1200 mg, ómega3 400 mg e metilsulfonilmetano 200 mg”,  refere o ortopedista.

Quanto ao exercício físico, este deve ser prática regular e deve acompanhar a alimentação saudável como forma de prevenção.

“O exercício físico foi dos poucos tratamentos estudados que obteve resultados consistentemente positivos para a redução da dor e melhoria da mobilidade articular”, afiança Carlos Martinez Evangelista.

“É importante motivar o doente e avisá-lo que os efeitos benéficos não se fazem sentir ao fim da alguns dias a fazer caminhadas. É necessária a adoção de um estilo de vida saudável, que inclua a prática regular de exercício físico que estimula a libertação de endorfinas analgésicas e aumenta a força muscular, contribuindo, deste modo, para uma maior estabilidade articular e, por isso, para menos dor”, explica.

Os exercícios aquáticos, como a hidroterapia ou a hidroginástica, bem como os exercícos aeróbicos (caminhadas ou bicicleta) e fortalecimento são os mais recomendados por este especialista.

“O exercício dentro de água é particularmente benéfico porque dentro de água o nosso corpo pesa menos e a água quente das piscinas relaxa os músculos, facilitando os movimentos com menos dor”, justifica.

No entanto, tão importante quanto a prática de exercício regular, é saber adaptá-la a cada caso. “Se um doente se queixa que tem dor num joelho após caminhar 15 minutos, deve-se estimular o doente a parar alguns minutos para descansar e depois continuar”, explica o ortopedista.

Na lista dos exercícios desaconselhados a quem sofre de osteoartrose encontram-se atividades como a corrida, step ou musculação com grandes cargas “pois essas podem ser violentas demais para as articulações, nomeadamente do joelho”.

Relativamente ao seu tratamento, “enquanto o doente se preocupa apenas com a redução da dor, os médicos são obrigados a pensar noutras vertentes de tratamento, focando a prevenção ou atraso da progressão das lesões estruturais, ou seja, tentar prevenir a destruição e a deforminade da articulação” com o objetivo de melhorar a função articular e, em última análise, a qualidade de vida.

Como parte integrande do tratamento não farmacológico distingue-se, para a além da prática de exercício físico regular, a reeducação do doente – que inclui a alteração dos hábitos de vida, dieta, perda de peso e parar de fumar.

“A par destes, consideramos também a fisioterapia, que se mostrou benéfica sobretudo para a osteoartrose das mãos, ortóteses adaptadas a cada doente (palmilhas para corrigir diferenças de tamanho entre os membros inferiores ou alterações dos pés), crioterapia (massagem com gelo, compressas frias), estimulação elétrica (TENS) e ultrassons”, adianta Carlos Martinez Evangelista.

A abordagem do tratamento com fármacos passa pela prescrição de analgésicos (paracetamol e opióides), AINEs, anti-artrósicos de ação lenta, Glucocorticóides intra-articulares e Viscossuplementação (ácido hialurónico intraarticular).

“É importante sublinhar que a utilização de estratégias multidisciplinares conjuntas é fundamental para a otimização dos resultados”, afiança o especialista em ortopedia.

A cirurgia surge como último recurso, quando a dor é incapacitante e interfere na qualidade de vida do doente. 

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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