Medicação baixa risco de transmissão do VIH em casais sorodiscordantes
Este estudo foi o maior a examinar a questão do risco de transmissão do VIH em casais sorodiscordantes, que tenham relações sexuais desprotegidas, quando o parceiro infetado está a suprimir a carga viral do VIH, com medicação.
A investigação envolveu 900 casais, sendo que a dois terços da amostra correspondem casais homossexuais.
Depois de cerca de um ano e meio o estudo não produziu nenhum caso em que a pessoa infetada com VIH, a tomar medicação para controlar o vírus, tenha infetado o parceiro.
No entanto, o estudo revelou 11 casos em que a pessoa que não estava infetada, ao iniciar o estudo, acabou por contrair o vírus que causa a SIDA.
Os investigadores afirmaram que oito dos participantes, que terminaram o estudo infetados com VIH, admitiram que tiveram relações sexuais desprotegidas fora da relação.
Em nenhum dos casos a infeção, da pessoa recentemente infetada, foi molecularmente compatível com a do parceiro, ou seja, a taxa de transmissão entre os membros dos casais participantes foi zero.
“Ainda que estes resultados não possam dar uma resposta para a questão de partida, este estudo fornece dados informativos nos quais os casais podem basear a sua aceitação do risco”, explicitou o estudo, conduzido por Alison Rodgar da Universidade de Londres.
O editorial da revista JAMA, escrito por Eric Daar e Katya Corado do Harbor-UCLA Medical Center, acautelou que os casais não devem assumir que o estudo reivindica que o risco de transmissão é zero.
“Para os indivíduos que querem ter relações sexuais desprotegidas, rotineiras ou periódicas, os médicos indicam que o risco de transmissão de VIH é pequeno, assumindo que o parceiro infetado esteja em contínuo tratamento de supressão viral”, afirmaram.
A pessoa infetada com o vírus necessita cumprir a terapia antirretroviral durante pelo menos seis meses antes de o casal ter relações sexuais desprotegidas.
Daar e Corado acrescentaram ainda que é necessário “conduzir mais investigações, com amostras maiores e um período de acompanhamento maior”.
Este estudo foi realizado entre 2010 e 2014 em cerca de 75 clínicas espalhadas em países europeus.