Estudo

Variação genética aumenta risco de hospitalização por infeção respiratória

As pessoas que têm uma variante no gene da proteína IFITM3 correm maior risco de ser hospitalizadas por infeções respiratórias, segundo um estudo do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge.

Este gene tem um papel determinante na proteção do organismo contra a infeção com o vírus da gripe e a sua alteração pode tornar as pessoas mais suscetíveis de contrair a doença de uma forma mais severa, uma vez que esta variante influencia a entrada e a replicação do vírus da gripe nas células humanas.

O estudo, publicado na revista PLOS One, investigou a associação entre a hospitalização e uma variante do gene IFITM3, que desempenha um papel fundamental na proteção do organismo, para tentar perceber porque é que alguns pacientes com síndroma gripal, durante a pandemia de 2009, apresentavam apenas sintomas ligeiros e outros desenvolviam complicações graves.

“Ao contrário do tipicamente observado durante as epidemias de gripe sazonal, muitos dos casos graves de influenza A, durante a pandemia de 2009, ocorreram em pessoas jovens e saudáveis, com a maioria dos óbitos registados em menores de 65 anos”, refere o Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Em declarações hoje à agência Lusa, a investigadora Marta Barreto, do INSA, explicou que o objetivo do estudo foi “determinar se esta variante no gene IFITM3 estava envolvida na suscetibilidade e na severidade da infeção com gripe”.

“Esta proteína é muito importante na entrada e na replicação do vírus dentro das células. Portanto, se o vírus tem mais facilidade em entrar, é natural que a infeção seja mais grave”, explicou a investigadora.

Os investigadores mediram a gravidade da infeção através da hospitalização, tendo em consideração os casos mais graves.

Para isso, utilizaram as amostras recebidas no Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge de pessoas com síndrome gripal, no âmbito da vigilância epidemiológica da gripe, disse Marta Barreto.

Ao analisar esta variante genética nas amostras recebidas no instituto, concluímos que “as pessoas que têm esta variante neste gene têm uma maior probabilidade de ter uma hospitalização, um caso grave, mas esta variante não está associada diretamente ao risco de infeção por influenza”, salientou a investigadora.

“Ou seja, nós pensamos que ela confira uma suscetibilidade maior à gravidade da infeção, mas por outros vírus respiratórios que, neste caso e neste ano em particular, não foram analisados”, frisou.

O estudo verificou que o risco de ser hospitalizado, durante a pandemia de 2009, foi maior para os pacientes portadores desta variante, embora este risco não tenha sido específico para as situações de infeção pelo vírus da gripe".

A investigação demonstra também que o "perfil genético dos pacientes pode revelar-se uma estratégia promissora com vista a identificar potenciais alvos terapêuticos, ajudando a avaliar e prever a gravidade da doença fornecendo assim informações críticas para a tomada de decisões durante o tratamento, evitando sofrimento e custos desnecessários".

Marta Barreto avançou que já foi pedido um financiamento para alargar este estudo, no sentido de analisar outras variantes genéticas.

O objetivo é fazer um estudo a nível do genoma total para verificar as variantes que estão envolvidas “nesta severidade e também para estudar a componente genética de resposta à vacina da gripe”.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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