Portugueses têm muitas doenças crónicas e alto nível de sedentarismo
Trata-se do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico (INSEF), promovido e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), em parceria com o Instituto Norueguês de Saúde Pública e com as administrações regionais de saúde do continente e das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Os indicadores apurados referem-se à população com idades entre os 25 e os 74 anos, tendo contado com a participação de 4.911 pessoas (2.265 homens e 2.646 mulheres), que realizaram, para o efeito, um exame físico, colheita de sangue e entrevista.
Carlos Dias, coordenador geral do INSEF, disse que o inquérito proporciona dados que, “ainda numa fase de análise muito prévia, confirmam alguns indicadores preocupantes em termos da prevalência da obesidade, hipertensão e da diabetes”, mas também outros que atestam “um elevado grau de sedentarismo”.
O estudo indica que, em 2015, o estado de saúde da população portuguesa entre os 25 e os 74 anos de idade caracterizava-se por uma “elevada prevalência de algumas doenças crónicas”, como a hipertensão arterial, a obesidade e a diabetes.
O INSEF abordou também o consumo das bebidas alcoólicas, apurando que cerca de um terço (33,8%) da população masculina referiu consumo perigoso de álcool (binge drinking), valor muito superior ao do sexo feminino (5,3%).
Este tipo de consumo era mais prevalente no grupo etário mais jovem, tanto nos homens (51,9%), como nas mulheres (13,7%), diminuindo com a idade.
A regiões do Alentejo e a Região Autónoma da Madeira tinham as prevalências mais elevadas em qualquer dos sexos.
Em relação ao tabaco, o inquérito refere que este era consumido diariamente ou ocasionalmente por 28,3% da população masculina e por 16,4% da população feminina, observando-se prevalências mais elevadas no grupo etário 25 a 34 anos (45,6% nos homens e 25,1% nas mulheres) e menores no grupo etário 65 a 74 anos (10,8% nos homens e 2,5% nas mulheres).
A região Autónoma dos Açores tinha as prevalências mais elevadas nos homens (42,8%) e a região do Algarve (22,2%) nas mulheres.
Nas mulheres, o consumo de tabaco aumenta com a escolaridade mais elevada, enquanto nos homens era mais prevalente nos grupos com escolaridade intermédia, independentemente da idade.
Os desempregados tinham prevalências mais elevadas em qualquer dos sexos (43% nos homens e 27% nas mulheres).
A exposição ambiental ao fumo do tabaco afetava 12,8,% da população e era mais frequente entre os homens na Região Autónoma dos Açores, na população com segundo ou terceiro ciclo do básico e nos desempregados.
A investigação adianta que o sedentarismo nos tempos livres afetava 44,8% da população, com maiores prevalências nas mulheres, no grupo etário entre os 55 e os 64 anos (46,9%), na Região Autónoma dos Açores (52,5%), na população com menor escolaridade (51,6%) e desempregada (46,9%).
Para Carlos Dias, estes indicadores mostram-nos “algumas necessidades em saúde que certamente irão ser levadas em consideração pelos serviços públicos”.
Esta radiografia revela ainda que o país não é todo igual nas matérias abordadas, o que, para o seu coordenador, “é uma vantagem”.
“O INSEF mostra-nos que, em termos geográficos, existem regiões onde alguns indicadores tomam níveis mais preocupantes, como a Região Autónoma dos Açores, onde o elevado consumo de tabaco é confirmado, assim como outros indiciadores como um baixo consumo de frutas e legumes”, prosseguiu.
Além das diferenças regionais, o inquérito identificou diferenças entre os grupos com mais ou menos escolaridade e entre os que têm trabalho remunerado e os que não têm, como domésticas ou desempregados.