Transplante de fígado salvou 190 crianças em Portugal
A mais nova tinha três meses quando foi sujeita à cirurgia, mas a Unidade de Transplantes Hepáticos Pediátricos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) está preparada para fazer a operação mesmo em recém-nascidos, avança o Correio da Manhã.
Quanto mais nova for a criança, maior é a complexidade que envolve a intervenção. Fazer um transplante pode demorar entre 13 a 15 horas. Segundo o cirurgião Emanuel Furtado, responsável pela Unidade, os dadores são quase todos adultos, havendo a necessidade de reduzir o tamanho do fígado para caber no abdómen de uma criança. “São necessárias duas intervenções em simultâneo: uma para fazer a redução do órgão, que é um procedimento complicado. Ao mesmo tempo, na sala ao lado, a criança está a ser operada”. Quando o doente é um adulto o procedimento não é tão complexo, por não ser preciso recorrer à técnica de redução.
Segundo Isabel Gonçalves, pediatra que acompanha os doentes na Unidade de Transplantes Hepáticos Pediátricos, há mais de mil doenças hepáticas conhecidas, mas a atresia das vias biliares – uma doença congénita, em que não se desenvolvem os canais que transportam a bílis do fígado para o intestino – é a que obriga, com maior frequência, ao transplante.
“Corresponde a um terço de todas as indicações para esta operação”, diz a médica do Hospital Pediátrico. Desde que o programa pediátrico foi retomado, em Março de 2012, a Unidade do CHUC realizou 24 transplantes em 21 crianças. Actualmente estão dois bebés em lista de espera: uma menina de nove meses e um menino de 20.
Região Centro lidera doações
Contrariando a tendência nacional, a região Centro é aquela que apresenta uma taxa de doação mais elevada. Em 2013 o número aumentou, o que se reflectiu também no número de transplantes realizados. O Centro sempre foi a região com mais dádivas, disponibilizando órgãos para o resto do País. Mais doentes dos PALOP Um terço das crianças que actualmente são transplantadas em Coimbra são oriundas de países africanos.
“Temos um número crescente de doentes que vêm de África, em particular de Cabo Verde”, refere a pediatra Isabel Gonçalves. Uma das crianças que está à espera de transplante é da Guiné.