Tetraplégico mexe a mão através do pensamento
Ian Burkhart, 23 anos, superou as expectativas dos médicos no momento em que conseguiu abrir e fechar a mão e até segurar uma colher, através dos pensamentos descodificados por um microchipe.
Após ter-se voluntariado para os testes, Ian Burkhart, de Ohio, Estados Unidos da América, foi submetido a uma cirurgia para fazer o implante do microchipe. Com apenas 3,81 milímetros, este chipe tem 96 eléctrodos que permitem ler os pensamentos. A informação é descodificada por um computador que, posteriormente, transmite os "comandos" a uma manga de eléctrodos colocada no braço de Ian e estimula os músculos.
Semanas após várias sessões práticas, Ian Burkhart conseguiu, finalmente, ter sucesso. "Aquilo de que sinto mais falta é de ser independente. Tenho de depender sempre das outras pessoas. Seria fantástico conseguir fazer algo tão simples como abrir uma garrafa de água sozinho", disse Ian no final do teste.
Ian Burkhart fraturou a coluna em 2010 quando mergulhava na costa da Carolina do Norte. A água tinha menos profundidade do que julgava e acabou por embater contra um cordão de areia, perdendo de imediato os movimentos do corpo. Foi salvo por amigos e, logo de seguida, transportado de helicóptero para o hospital.
Antes do acidente, era um jogador profissional de lacrosse, um desporto americano. Determinado a não desistir, tirou uma licenciatura e treinou a equipa de lacrosse da escola secundária para as finais de um campeonato estatal.
O avanço tecnológico foi inaugurado por uma equipa de investigadores da Universidade Wexner de Ohio e um centro de pesquisa sem fins lucrativos, Battelle, e dá agora esperança a milhões de pessoas que sofrem de incapacidade física.
Chad Bouton, um dos investigadores disse que a "ponte neurológica", como lhe chamam, "funciona como a ponte aorto-coronária, em vez de enviar sangue, envia sinais eléctricos. Os sinais eléctricos do cérebro ultrapassam os danos e vão directamente para o músculo", explicou.
Já houve vários sucessos de pessoas que conseguiram, através dos pensamentos, mover braços ou pernas biónicas, mas esta é a primeira vez que alguém consegue mexer o próprio corpo. No arranque do Mundial 2014, uma pessoa paraplégica vestiu uma "segunda pele", um esqueleto motorizado, que lhe permitiu andar e dar o pontapé de saída do campeonato, também através dos pensamentos.