Tecnologia laser permite que vítimas de Parkinson voltem a andar
![](https://www.atlasdasaude.pt/sites/default/files/styles/medium/public/field/image/homem_andarilho_fisioterapia_ss.jpg?itok=LZw21Xfq)
Do outro lado do oceano, em Jacksonville, no estado norte-americano da Florida, já há pelo menos um doente a quem este aparelho mudou a vida.
Com a ajuda de um andarilho equipado com tecnologia laser, Wayne Puckett pode passear-se à vontade, algo que não conseguia fazer há quatro anos. Puckett sofre de uma variante de Parkinson, uma doença neurológica que destrói a capacidade do cérebro para controlar as funções motoras. Antigo carteiro, pai de cinco filhos, Puckett lembra-se de quando tudo começou.
“Sinto que deixei de ser um homem. Perdes o emprego, perdes o que te ocupava. Nem foi tanto o dinheiro, era uma questão de saúde. É duro de aceitar e sentimo-nos insignificantes. Já não consegues fazer o que fazias e os teus filhos estão ali, a ver isso mesmo”, lamenta Wayne Puckett.
Em 2010, Puckett encontrou-se com Jay Van Gerpen, na Clínica Mayo de Jacksonville, na Florida. Na altura estava confinado a uma cadeira de rodas, mas o médico disse-lhe que tinha um aparelho capaz de o pôr a voltar a caminhar pelos próprios pés naquele mesmo dia.
“Achei que ele era doido. Ele disse-me que tinha uma pequena linha vermelha que era o que ia conseguir pôr-me a andar. E eu, ‘estás a gozar comigo’. E ele diz-me para eu experimentar a coisa, por uma vez que fosse, e eu "está bem, quero lá saber". E ele deu-me esta coisa e eu ‘Uau!’. Funcionou”, conta Puckett.
O pequeno feixe vermelho é um laser, preso ao andarilho. O Doutor Van Gerpen diz que o laser ajuda o cérebro de Puckett a sair do “engarrafamento” neurológico que a doença provocou. E com isso, volta a ter controlo sobre os seus movimentos.
“Quando se pretende andar há uma zona do cérebro que é activada. São os núcleos basais, no córtex pré-frontal. Se esta área sofrer uma lesão, os sinais deixam de chegar ao córtex motor primário, que é a parte do cérebro que comanda o movimento voluntário dos músculos”, explica Jay Van Gerpen, neurologista na Clínica Mayo.
Van Gerpen afirma que o raio laser funciona como uma guia visual, que obriga o cérebro de Puckett a contornar a zona de congestionamento dos sinais, escapando-se pelas vias alternativas que ligam o córtex pré-frontal ao córtex motor.
“Estamos a rentabilizar as partes do cérebro que estão nas melhores condições, para compensar aquelas que não estão”, acrescenta o neurologista.
Wayne Puckett diz que o laser lhe devolveu a vida. Sente-se mais independente e está a encarar o futuro de frente. Um passo de cada vez.