Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga

Segurança dos Cuidados de Enfermagem em risco

A escassez de profissionais de enfermagem no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, e o excesso de horas de trabalho a que são obrigados, coloca em risco a qualidade e segurança dos cuidados prestados, adverte a Ordem dos Enfermeiros.

O recurso sistemático a horas extraordinárias tem sido utilizado para colmatar as necessidades dos serviços em cuidados de enfermagem, sendo que, neste momento, a exaustão das equipas de enfermagem é notória.

O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), que na sexta-feira passada realizou uma Visita de Acompanhamento do Exercício Profissional à unidade de Santa Maria da Feira daquele Centro Hospitalar, soube que aí são gastos mensalmente 8 mil horas de trabalho extraordinário com enfermeiros.

Quer em termos físicos, quer em termos psicológicos, os enfermeiros do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga estão no limite das suas capacidades. Este estado de exaustão terá a curto prazo reflexos na qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem prestados.

Nessa visita foi constatado que existe a preocupação dos responsáveis pelas dificuldades em assegurar as dotações seguras nos diversos serviços.

Tais dificuldades têm-se traduzido num elevando número de horas extraordinárias realizadas e num elevado número de horas em débito aos profissionais, neste caso em concreto aos enfermeiros.

O Conselho de Administração, fruto das restrições impostas pela tutela na contratação de mais enfermeiros, não possui outra forma de responder às necessidades dos seus doentes internados.

Informou a OE de que já solicitou a contratação de enfermeiros para responder às necessidades identificadas, estando o processo neste momento dependente de autorização da tutela. Aguarda que o Ministério das Finanças desbloqueie a contratação de 48 enfermeiros.

Para aqueles responsáveis hospitalares, as necessidades permanentes não devem ser supridas com recurso a horas extraordinárias, mas sim através da contratação dos profissionais necessários.

Para além da reunião com o Conselho de Administração deste Centro Hospitalar, a Ordem dos Enfermeiros realizou igualmente visitas aos serviços de Cirurgia Geral, Especialidades Médicas de Adultos, Urgência, Urgência Pediátrica, Pediatria e Neonatologia.

A Visita de Acompanhamento do Exercício Profissional, realizada pela Secção Regional do Centro da OE, além do seu Bastonário, envolveu ainda a Presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, Enf.ª Amélia Monteiro, e o Secretário da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem Médico-Cirúrgica, Enf.º Jorge Melo.

O relatório desta visita será remetido às autoridades competentes, nomeadamente à Administração Regional de Saúde do Norte e Administração Central do Sistema de Saúde, a solicitar a intervenção urgente.

Para o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, a situação verificada na unidade de Santa Maria da Feira é o exemplo do se constata na maior parte das estruturas hospitalares portuguesas, que “estão em ruptura” no que diz respeito aos recursos humanos.

“O SNS está em colapso no que aos recursos humanos diz respeito”, sublinha o Enf.º Germano Couto, afirmando que há enfermeiros que passam 10 ou 15 dias sem folgas, “o que é contraproducente numa profissão cujo erro pode ter consequências gravíssimas para o cidadão”.

Fonte: 
GCIC - Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros
Nota: 
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