Reduzir custos com incontinência e a sua importância nos sistemas de saúde
O documento “Especificação do Serviço de Incontinência Ideal” envolveu especialistas multidisciplinares de todo o mundo e delineia uma série de princípios baseados em evidência sobre a melhor forma de organizar os cuidados de proximidade para pessoas com incontinência e reduzir custos para os sistemas de saúde e assistência social.
Para João Paulo Nunes, Director da Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias, que esteve presente no Fórum Mundial “a incontinência tem um grande impacto na qualidade de vida das pessoas e a nível económico, com custos directos, indirectos e intangíveis elevados. Repensarmos a organização dos cuidados para incontinência e a adopção de medidas sugeridas neste relatório faz especial sentido tendo em consideração a situação económica do país e o envelhecimento da população portuguesa”.
O especialista alerta ainda que “o relatório indica que a incontinência não tem sido uma prioridade para os sistemas de saúde e tem-se verificado uma tendência de redução dos recursos disponíveis para estes cuidados”.
O Relatório sugere que o papel do Enfermeiro deve tomar maior relevo no tratamento da incontinência, com uma transferência da responsabilidade dos cuidados básicos de incontinência para Enfermeiros especialistas em incontinência nos cuidados primários. O relatório recomenda a existência de um coordenador, que acompanhe todo o processo desde o diagnóstico e tratamento do doente e que faça a coordenação junto dos vários especialistas, num modelo centrado no doente.
“A importância da promover a autogestão da doença, por exemplo, através da utilização da Telemedicina, e uma maior aposta na formação dos profissionais de saúde específica para a incontinência são elementos destacados no relatório e que deveriam ser implementados em Portugal”, defende João Paulo Nunes.
A incontinência urinária afecta 600 mil portugueses, afectando cerca de 20% da população portuguesa com mais de 40 anos.