Cancro e diabetes

Políticas a longo prazo reduzem incidência de casos

São doenças civilizacionais e assustadoramente emergentes: obesidade, diabetes e cancro previnem-se muito mais do que se curam e só com um plano político a médio-longo prazo se pode actuar com eficácia na redução do número de casos (para metade, no caso da diabetes).

O alerta foi deixado pelo Professor Manuel Sobrinho Simões na última reunião do Ciclo de Conferências “Diabetes Século XXI: O Desafio”, na passada terça-feira, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).

No cancro, como na diabetes, é preciso conhecer a doença para combater o seu aparecimento e os riscos inerentes. “A prevenção do cancro é praticamente idêntica à da diabetes: – passa por não fumar, não beber em excesso, não engordar, fazer exercício regular, entre outros. As doenças civilizacionais e emergentes, como é o caso da diabetes, da obesidade, do cancro, entre outras, previnem-se muito mais do que se curam”, referiu Manuel Sobrinho Simões, director do IPATIMUP, lembrando que é preciso “articular as instituições que intervêm ou podem intervir na Prevenção, no Tratamento e no Controlo da Diabetes”.

Sobrinho Simões identifica outras melhorias necessárias em matéria de comunicação e de operacionalidade: “clarificar o tipo e o nível de intervenção das instituições (frequentemente há dupla ou tripla intervenção no tratamento); falta de articulação do médico com os outros profissionais que cuidam dos doentes; relação do médico (e de outros profissionais de saúde) com a pessoa com diabetes e a família - há “barreiras” de ignorância entre o médico e o doente e entre o médico e os familiares do doente; articulação entre as especialidades médicas – ex. diabetologista e cirurgião vascular”. E acrescenta: “não chega falar de intervenção multidisciplinar, interdisciplinar e interinstitucional. É preciso operacionalizar através de acções concretas”.

Na mesma linha, o Director do Programa Nacional da Diabetes, diz que é importante actuar o quanto antes. José Manuel Boavida defende que «a Assembleia da República devia ter uma intervenção directa sobre as prioridades da saúde, uma questão que deveria ser acompanhada dentro do próprio parlamento. É fundamental fazer planos de prevenção: 50% dos casos de diabetes estão ainda por diagnosticar. É preciso avançar com planos de prevenção e aplicar programas vastos de rastreio».

Lembrando que “hoje em dia é pior ter diabetes ou cancro do que ter um AVC”, deixou um desafio à Comissão Parlamentar da Saúde. “Há medidas relativamente simples que têm de ser aplicadas. Devemos focar-nos em processos de mobilização coletiva com objectivos bem definidos, e não no trabalho um a um”.

Fonte: 
Multicom
Nota: 
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