Pacemaker reduz progressão da fibrilhação auricular
Os resultados do estudo MINERVA revelam que a utilização de um pacemaker com algoritmos inovadores, que normalizam o coração durante um episódio de disritmias auriculares (nomeadamente o Reactive ATP®), reduz significativamente a progressão da Fibrilhação Auricular (FA) em doentes com bradicardia (ritmo cardíaco lento).
Para além da redução da evolução da doença em 58% (quando comparado com outros dispositivos), o estudo evidencia ainda que esta característica inovadora do pacemaker diminui em 52% o número de hospitalizações e visitas às urgências em doentes com FA, minimizando assim os custos associados com esta patologia, que é responsável por um terço dos internamentos de causa arrítmica.
Estes resultados foram apresentados em Nice no maior congresso europeu de electrofisiologia, o Cardiostim.
O estudo MINERVA avaliou 1166 doentes de 63 centros da Europa, Médio Oriente e Ásia, durante 4 anos. Portugal foi um dos países com maior número de doentes participantes – mais de 10% do número total de doentes – seleccionados de 4 hospitais nacionais.
De acordo com João de Sousa, médico cardiologista do Hospital de Santa Maria, “a FA é a alteração do ritmo cardíaco mais comum nos adultos e a que tem maiores custos para os sistemas de saúde.
O seu impacto social e a sua importância em termos de morbilidade (a FA aumenta em 6% o risco de AVC, cuja ocorrência aumenta com a idade) levaram à enorme adesão da comunidade científica a este estudo. Portugal é disso exemplo e foi um dos países que liderou esta avaliação ao contribuir com um elevado registo de doentes.”
Todos os doentes seleccionados para este estudo randomizado e prospectivo tinham indicação para colocação de pacemaker de dupla câmara e passado de taquiarritmias auriculares mas sem bloqueio aurículo-ventricular completo ou FA permanente. Os pacientes no grupo de controlo foram avaliados sem programar as características inovadoras do pacemaker.
A fibrilhação auricular é uma alteração do ritmo e da frequência do batimento do coração, em que as aurículas contraem de forma irregular e descoordenada, o que pode levar a que o sangue se acumule nesta zona do coração, com risco de formação de coágulos, que se podem deslocar através da corrente sanguínea e bloquear o afluxo de sangue ao cérebro, e consequentemente provocar acidentes vasculares cerebrais (AVC).
A fibrilhação auricular é a arritmia mais prevalente, afectando cerca de 1% da população e a partir dos 50 anos a incidência duplica em cada década. Nos últimos anos, a prevalência de FA tem vindo a aumentar.