OMS deveria encorajar uso do cigarro electrónico
Cerca de 50 especialistas em tabaco, cancro e dependências e profissionais da saúde de países ocidentais apelaram à directora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, para que “liberte o potencial” dos cigarros electrónicos e produtos do tabaco sem combustão.
“O potencial destes produtos (...) para reduzir o fardo das doenças devidas ao tabagismo é muito grande, e estes produtos poderiam estar entre as inovações mais importantes do século XXI em matéria de saúde”, sublinham.
O desejo de “controlar e suprimir [os cigarros electrónicos], enquanto produtos tabágicos, deveria ser travado e a OMS deveria defender a regulamentação do seu uso, concebida para libertar o seu potencial”, defenderam os membros deste grupo, “preocupados” com a sua equiparação ao tabaco e que faria “mais mal que bem”.
Estes profissionais, entre os quais o oncologista e ex-ministro da Saúde italiano Umberto Veronesi ou o ex-director francês do Fundo Mundial Contra a Sida Michel Kazatchkine, classificam como “contra-produtivo interditar a publicidade para os cigarros electrónicos e as outras alternativas ao tabagismo com baixo risco”.
Ainda segundo o texto, “a interdição da publicidade ao tabaco assenta nos malefícios do tabaco, mas nenhum argumento deste tipo pode ser aplicado, por exemplo aos cigarros electrónicos, que são muito mais susceptíveis de reduzir os malefícios” do tabaco.
“As pessoas fumam pela nicotina, mas morrem pelo fumo”, sublinham os autores da carta, porque “a grande maioria das mortes e doenças atribuíveis ao tabaco provêm da inalação de partículas de alcatrão e gases tóxicos nos pulmões”.
Os cigarros electrónicos e outros produtos do tabaco não fumado apresentam um “risco fraco” e “podem tornar-se alternativas viáveis ao tabagismo no futuro”.
Cerca de 1,3 milhões de pessoas fumam actualmente e a OMS prevê que o tabaco vai causar, no século XXI, até mil milhões de mortos “prematuros e evitáveis”.
A OMS tem uma visão conservadora sobre o cigarro electrónico. A sua inocuidade e eficácia para terminar com a dependência não estão demonstradas e a sua utilização “é vivamente desaconselhada”, indica uma ficha da OMS datada de Julho de 2013.