Médicos na mira de Paulo Macedo
Desde que assumiu a tutela da Saúde, Paulo Macedo não tem sido poupado a críticas. Por um lado, utentes e profissionais do sector que encaram as medidas de reorganização do serviço público como um desinvestimento no sistema, por outro a indústria farmacêutica que se tem sentido penalizada pelos cortes nas rendas excessivas.
Paulo Macedo prepara-se para avançar com o sistema de avaliação dos médicos, reforçar o controlo da sua actividade e ainda a combater o problema da falta de clínicos em algumas especialidades, como anestesistas e radiologistas, abrindo novos concursos para vagas que permitam formar mais internos.
A missão de Paulo Macedo não é fácil, mas é justificada. A Saúde - desde que salvaguardadas as condições mínimas de acesso e qualidade do serviço público e os seus deveres -, não pode ser uma excepção no esforço de racionalização da despesa do Estado. E cortar apenas no que está fora do sistema, como as rendas na indústria farmacêutica, infelizmente, não chega. Implica que se combatam os excessos, que se evite o desperdício, que se melhore a produtividade.
Paulo Macedo vai, por isso, chocar com uma classe que não parece disposta a perder autonomia nas decisões e prescrições ou a sujeitar-se a avaliações que podem colocar em causa os seus prémios e progressões de carreira. Será mais um tratamento de choque que Paulo Macedo aplica agora no próprio sistema. Mas talvez essa seja a melhor forma de garantir a sua eficácia.