Investigadora propõe

Material natural para eliminar bactéria do estômago

Uma investigadora do Porto propõe utilizar um material natural, em micro esferas, para eliminar a bactéria do estômago helicobacter pylori, que pode levar ao cancro gástrico, um dos três trabalhos de jovens cientistas distinguidos pelos prémios L"Oreal.

Inês Gonçalves, do Instituto de Engenharia Bioquímica, da Universidade do Porto, explicou que o objectivo “é arranjar uma forma alternativa aos antibióticos para eliminar a helicobacter pylori, uma bactéria que existe no estômago e, se a infecção for persistente, pode levar ao aparecimento de cancro gástrico”.

O projecto proposto por esta investigadora pretende “utilizar um biomaterial, compatível com o corpo [humano], sob a forma de micro-esferas feitas de um material natural compatível o corpo”. Depois de administradas oralmente, “as micro esferas deverão chegar ao estômago, ligar a bactéria e remove-la pelo trato gastrointestinal”, referiu Inês Gonçalves, apontando que já foi pedida patente internacional e que o passo seguinte é criar condições para fazer testes em animais e depois em humanos.

A 10.ª edição das “Medalhas de Honra L'Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência” destacou ainda dois outros projectos.

O projecto de Joana Tavares, 34 anos, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, que trabalha na área da malária desde o seu doutoramento no Instituto Pasteur, em Paris. Nessa altura mostrou que, numa fase inicial, quando é inoculado no organismo humano pelo mosquito portador, o parasita da malária fica retido nos sinusóides hepáticos (vasos sanguíneos que levam o sangue até à veia central dos lóbulos do fígado), o que acaba por lhe permitir instalar-se no fígado. O objectivo deste projecto é identificar as moléculas responsáveis por esse fenómeno e a seguir interferir com essa etapa da infecção. Por último, a cientista tenciona avaliar se esta estratégia de ataque ao parasita poderia eventualmente dar origem a uma futura vacina contra a doença.

E ainda o de Luísa Neves, 32 anos, cientista da Rede de Química e Tecnologia (Requimte) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, quer saber se é possível reciclar o gás anestésico administrado durante as cirurgias retirando-lhe o dióxido de carbono vindo da respiração da pessoa anestesiada. Para isso, tenciona desenvolver um dispositivo compacto dentro do qual um líquido biocompatível e uma determinada enzima, ao entrarem em contacto com a corrente gasosa contaminada pelo CO2, o irão remover.

Para além de permitir diminuir certos custos hospitalares através da reutilização do gás anestésico, o processo permitiria capturar o CO2, um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global.

O prémio distingue anualmente jovens investigadoras até aos 35 anos cujos projectos são relevantes para a saúde e o ambiente – e cada premiada recebe 20 mil euros de apoio ao seu trabalho futuro. O júri foi presidido por Alexandre Quintanilha, ex-director do IBMC.

Fonte: 
Jornal de Notícias Online
Público Online
Nota: 
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