A maioria dos portugueses quer mudar de emprego
A maioria dos trabalhadores portugueses está à beira de um ataque de nervos. É desta forma que a Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO) começou esta semana a apresentar os resultados de um perfil de riscos psicossociais associado ao trabalho, revela o jornal iOnline. Avaliações feitas entre 2008 e 2013 a 38 791 trabalhadores dos sectores públicos e privado revelam que nove em cada 10 portugueses que estão empregados apresenta sintomas de exaustão. A fadiga é associada ao sentimento de sobrecarga no trabalho, perda de energia e recompensas, mas também a uma diminuição acentuada da percepção de que as organizações onde trabalham são justas ou capazes de ter algum tipo de controlo sobre as tarefas que desempenham.
Se a deterioração dos indicadores de bem-estar em contexto laboral é transversal, com 83% dos trabalhadores em situação de risco moderado de colapso, o sector público apresenta os piores resultados em todas as variáveis analisadas. Segundo o estudo, em 2008, 32% dos funcionários do sector público apresentavam critérios para diagnóstico com stresse e em 2013 essa percentagem chegou aos 59%. No sector privado, subiu de 24% para 43%.
As situações de esgotamento (burnout) também se agravaram e parecem ser mais incidentes no sector público: 15% dos trabalhadores do Estado avaliados tiveram diagnóstico de burnout no ano passado contra 10% na amostra de 2008. No privado, a incidência ronda os 12%.
O estudo, que resultou de informação recolhida em avaliações e intervenções psicológicas como coaching ou team building realizadas em empresas de ambos os sectores, vai ser apresentado esta manhã na comissão de Saúde do parlamento. João Paulo Pereira, presidente da (APPSO), justifica o pedido de audição aos deputados com o facto de os dados apontarem para um problema de saúde pública com tendência a piorar. “Quando olhamos para indicadores como o grau de exaustão, é assustador”, disse. "Sabemos que a exaustão e o stresse podem estar associados a muitos outros indicadores de saúde, como consumo de medicamentos mas também mais pneumonias oportunistas ou enfartes do miocárdio, fenómenos que têm apresentado uma tendência crescente nos últimos anos sobretudo em faixas etárias mais jovens", explica o psicólogo, adiantando que no âmbito de algumas parcerias com a Autoridade para as Condições de Trabalho também tem sido discutida uma eventual ligação com o aumento dos acidentes laborais.